Judici�rio e a saia de oncinha - II
FUI EXPOSTA AO CRIVO DE PESSOAS QUE NÃO CONHECEM MEU CARÁTER Somente eu sei a humilhação e o desrespeito que passei naquele momento. Sendo tratada como um objeto, ter que ser revistada por homens armados, grosseiros, totalmente despreparados, me olhand
Por | Edição do dia 24/11/2013 - Matéria atualizada em 24/11/2013 às 00h00
FUI EXPOSTA AO CRIVO DE PESSOAS QUE NÃO CONHECEM MEU CARÁTER Somente eu sei a humilhação e o desrespeito que passei naquele momento. Sendo tratada como um objeto, ter que ser revistada por homens armados, grosseiros, totalmente despreparados, me olhando de cima para baixo, se protegendo por trás de um Ato Normativo totalmente descabido e ultrapassado, usado para humilhar mulheres, cidadãs e profissionais, sem o menor critério, e que, consequentemente, me impedira de exercer meu ofício de advogada que tanto amo fazer, com zelo e respeito. Fui, sim, violentamente destratada e grosseiramente exposta ao crivo de pessoas que não conhecem minha vida, não conhecem minhas raízes, meu caráter. Estou abalada, sim, pois vim de uma família humilde e muito digna, tenho sangue de mulher de bem, honesta, sou mãe. Neste momento, tenho vergonha de ter saído do meu estado de Pernambuco para vir viver em um lugar onde da Justiça... tenho vergonha!!! E o pior de tudo é que as leis não me protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de mim; onde se percebe que o desrespeito é recompensado e a honestidade se converte em autossacrifício. Então, poderei afirmar, sem temor de errar, que estou em uma sociedade que está condenada à injustiça pela Justiça, da mais alta corte do Estado. A injustiça, senhores, desanima o trabalho, a honestidade, o bem; cresta em flor os espíritos dos moços, semeia no coração das gerações que vêm nascendo a semente da podridão, habitua os homens a não acreditar senão na estrela, na fortuna, no acaso, na loteria da sorte, promove a desonestidade, promove a venalidade [...], promove a relaxação, insufla a cortesania, a baixeza, sob todas as suas formas, já dizia o grande Rui Barbosa. A Justiça sem força e a força sem Justiça são duas grandes desgraças. E você que não me conhece e me julga, me respeite. Pois tudo que sou e tenho é fruto de uma criação maravilhosa e de muito trabalho. E, acima de tudo isso, eu tenho um Deus que sabe tudo e que me ama. Sou menina dos olhos de Deus.