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Nº 5822
Política

Lula defende soberania e faz cr�ticas � pol�tica de FHC

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Por | Edição do dia 03/12/2002 - Matéria atualizada em 03/12/2002 às 00h00

Buenos Aires – Em sua primeira viagem internacional como presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso contundente em defesa da soberania da América Latina, criticou os especuladores estrangeiros e propôs uma agenda entre o Brasil e Argentina para a “reconstrução” do Mercosul. Ao lado do presidente da Argentina, Eduardo Duhalde, Lula disse que a parceria estratégica entre os dois países deve ir além da união aduaneira para que, no futuro, a região possa ter até um Parlamento e uma moeda comum, a exemplo da União Européia. Antes do pronunciamento, Lula teve um encontro reservado de 40 minutos com Duhalde, na residência oficial Quinta de Olivos. Ficou decidido que no dia 14 de janeiro de 2003, equipes dos dois governos vão se reunir, em Brasília. A idéia de acelerar o trabalho antes mesmo de saber quem será o novo presidente da Argentina – já que a eleição está marcada para abril –, tem como objetivo firmar uma agenda para a definição de mecanismos que possibilitem a estabilidade monetária, de controle da inflação e de crescimento econômico, além da atuação nos organismos multilaterais. “Nos últimos anos, opções econômicas e políticas equivocadas, que não estavam de acordo com o interesse nacional, nos conduziram a sucessivas crises”, afirmou Lula, numa crítica indireta às administrações de Fernando Henrique Cardoso, no Brasil, e de Carlos Menem, na Argentina. Menem, que governou de 1989 a 1999, apoiou a reeleição de Fernando Henrique contra o petista e é mais uma vez pré-candidato à Casa Rosada. Resgate do Mercosul O resgate dos ideais do Mercosul e uma integração que inclua agendas políticas e econômicas para que a região se fortaleça como bloco nas negociações com os Estados Unidos, a União Européia e a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) foram os dois assuntos que marcaram o pronunciamento de Lula. “Quantas vezes, de duas décadas para cá, vimos a economia da região ser desorganizada pela inflação ou mergulhar em recessões de dolorosas conseqüências sociais?”, perguntou o presidente eleito, ao defender “m novo ciclo de crescimento”. No pronunciamento de 20 minutos, Lula mostrou que quer se credenciar como líder do bloco regional para as negociações bilaterais entre o Mercosul e os Estados Unidos – ara onde segue no próximo dia 10 –, paralelamente à Alca, considerada pelo PT como “um projeto de anexação”. Ele não irá mais para a Europa antes da posse, como chegou a ser cogitado, porque, de acordo com sua assessoria, não terá tempo. Solidariedade O presidente eleito fez questão de manifestar solidariedade à Argentina, que enfrenta a pior crise econômica de sua história. Depois, dirigindo-se a Duhalde, disse que a retórica própria dos pronunciamentos não poderia esconder o “profundo afeto” que sente pelo país. Após o encontro reservado, Lula e Duhalde se reuniram a portas fechadas com suas equipes de trabalho. Pela comitiva brasileira falaram o senador eleito Aloizio Mercadante (SP); o secretário de Cultura da Prefeitura de São Paulo, Marco Aurélio Garcia, e o embaixador na Argentina, José Botafogo Gonçalves. Do lado argentino, a exposição ficou a cargo dos ministros da Economia, Roberto Lavagna, e da Produção, Aníbal Fernández, além do chanceler Carlos Ruckauf.

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