Política
Governo socialista: realidade ou utopia? / Parte III

Então você não acredita que o PT possa fazer mudanças violentas, como a instauração do socialismo. Evidentemente que não acredito. O mundo não é o mesmo de 1950. A partir dos anos 70 o acúmulo de capital, por conta da violação do controle da remessa de lucros, nos países em desenvolvimento, ditos do Terceiro Mundo, que vigorou a partir de Bretton Wood, quando Roosevelt estabeleceu uma política até certo generosa com os aliados, e quando o dólar foi internacionalizado, com o final da Segunda Grande Guerra Mundial, os capitalistas mundiais acumularam fortunas que foram além dos 20 trilhões de dólares, num cálculo que jamais será revelado se exato. Aquele dinheiro poderá ter sido, e muitos especialistas afirmam, o combustível para a globalização, que investiu pesado na mudança das leis protecionistas dos países em desenvolvimento. E, claro, mantendo as suas nos seus países de origem. Estamos num labirinto mundial. E já está sedimenta a doutrina de que qualquer tentativa dos países em desenvolvimento de romper tal situação, o caso é logo tratado como confronto ideológico, pondo em alerta os donos das fortunas internacionais. E saliente-se que somente as grandes potências mundiais estão em condição de ação econômica e militar à distancia de muitos e muitos quilômetros. Tudo eles exportam, inclusive o controle cultural dos países em desenvolvimento, transformados em entrepostos comerciais. Nossa tradição nos remete para a Europa, onde o protecionismo é fantástico, nas diversas áreas da produção. Esse será um grande dilema para o PT, quando buscar parcerias comerciais. Mas é preciso lutar em tal sentido. A sangria que nos impõem precisa ser estancada, diminuída. Então, não há motivos para medos, fobias e outras tantas coisas apregoadas durante o processo eleitoral ? O povo votou na esperança de mudança, na esperança de que a sangria possa ser contida. Na esperança de que nossos parceiros internacionais tenham respeito e tratem o Brasil de modo que ele possa honrar suas obrigações sociais. O povo não votou para que o PT instaure, instale, o socialismo revolucionário. O povo votou porque sonha com melhorias sociais. Agora, se elas somente forem possíveis por um processo de ruptura violenta, então, estamos diante de uma dilema sobre o qual muitas outras páginas terão que ser escritas. E aí me lembro de Hegel, quando nos afirma: A história não é o reino da felicidade. As horas de felicidades são suas páginas vazias. Quer dizer, precisam ser reescritas. Ou escritas, ainda?