Política
Vilela recebeu propina de R$ 2,1 milhões

Investigações da Polícia Federal apontam que o ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) recebeu R$ 2,1 milhões em propina pelas obras do Canal do Sertão. Ele é um dos alvos da Operação Caribdis, desencadeada ontem pela Polícia Federal, e teve dois celulares recolhidos pelas autoridades. Ao todo, teriam sido pagos R$ 2,8 milhões a executivos do Estado. De acordo com o superintendente da PF em Alagoas, delegado Bernardo Gonçalves, os pagamentos a Vilela aconteceram sob o apelido de ?Bobão? e foram feitos em três parcelas ? de R$ 1 milhão, R$ 906 mil e R$ 150 mil. ?Um dos cognomes [alcunha] que consta na planilha é o do governador. Ele teria recebido três parcelas. Consta na lista especificamente no cognome dele?, aponta. Já os prejuízos à obra chegam a R$ 70 milhões. ?Quando duas empresas deixam de competir entre si na licitação o prejuízo é implícito. Pode ter certeza que vai vir uma planilha superfaturada, porque se ela pudesse competir, ela competiria. O TCU quantificou em R$ 70 milhões o prejuízo atual à obra, que era estimada em R$ 700 milhões?, afirma a procuradora da República Renata Ribeiro. Além do ex-governador, outra pessoa citada nas investigações é o ex-secretário de Infraestrutura, Marco Fireman, também objeto de mandados de busca e apreensão. A gestão de Fireman no Ministério da Saúde também é investigada, mas pelo Ministério Público do Distrito Federal. Ele ocupa no ministério o cargo de secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. O MP do Distrito Federal investiga denúncias de direcionamento de compras para uma única empresa do setor farmacêutico. A ação da PF em Alagoas teve por objetivo colher provas para o inquérito que apura a suposta prática de fraude à licitação, desvio de verbas públicas, corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os crimes teriam sido cometidos nos lotes de número 3 e 4, ocorridos entre 2009 e 2014, do Canal do Sertão. Iniciadas em 2015, as investigações apontam, entre outras práticas, a solicitação de vantagens indevidas, ou propina, a integrantes das construtoras Odebrecht e OAS. As informações foram corroboradas por provas cedidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que também investiga autoridades que possuem foro privilegiado em Alagoas. Após um pedido, a PF obteve documentos fornecidos por delatores ? entre eles, passagens aéreas, extratos bancários e comprovantes de despesas. ?São duas fases. A primeira relaciona-se a 2009, quando houve a licitação. Os acordos de colaboração e comprovantes de despesas apontam que houve encontro de executivos da Odebrecht e da OAS com executivos da Secretaria de Infraestrutura. Praticamente foram as construtoras que determinaram a ordem do edital, o que fazer?, explica o delegado Antônio José Lima.