Política
Jornalista deixa presídio após polêmica com MP

A jornalista Maria Aparecida de Oliveira, de 68 anos, deixou a prisão, no final da tarde de ontem, após o desembargador José Carlos Malta Marques conceder habeas corpus a favor dela, que havia sido presa na última segunda-feira após ação movida pelo Ministério Público Estadual (MP) por calúnia, difamação e coação a testemunhas. Presa por cerca de 48 horas, ela ocupou uma cela no Presídio Santa Luzia, dividida com uma condenada pelo assassinato de um advogado em 2014. Em sua decisão, o desembargador determina que a jornalista terá de comparecer a todos os atos do processo a que for intimada, está proibida de ausentar-se da comarca sem autorização, obrigada a comunicar com antecedência eventual mudança de endereço e comparecer no juízo de seu domicílio em qualquer um dos dias entre 1 a 5 de cada mês, para justificar suas atividades. ?Pelo exposto, defiro o pedido liminar, determinando a expedição do alvará de soltura em favor da paciente, se, por outro motivo não estiver presa, aplicando-se as medidas cautelares acima especificadas?, determinou o desembargador do Tribunal de Justiça (TJ). Na manhã de ontem, antes da decisão sobre a soltura da jornalista, a promotora Marluce Falcão ? uma das que assinaram o pedido de prisão da jornalista ? conversou com a reportagem da Gazeta. A integrante do Ministério Público Estadual explicou os motivos que levaram ao pedido de prisão de Maria Aparecida. ?Estou fora fazendo um curso. A promotoria criminal da capital é coletiva. São dez promotores. Pelo que eu me lembro desse caso, ela [a jornalista] estava desaparecida e foram feitas várias tentativas em vários endereços e ela não foi localizada?, relata a promotora. Marluce Falcão afirma ainda que Aparecida ?tinha um blog e disse que sabia que estava sendo processada, aí mandou um recado para a vítima [procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar] dizendo que não tinha medo de ser presa e que ia fazer pior, e fez. Então o juiz entendeu que ela cometeu um crime contra a administração da Justiça, porque ela estava impedida de fazer esse ato. Na verdade, esse processo estava correndo normalmente como qualquer outro. Ela responde a dezenas, mas ela desafiou o próprio Poder Judiciário?, acrescenta.