Política
MST muda dire��o estadual para abafar crise

ARNALDO FERREIRA A crise política interna no Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST) de Alagoas é tão grande que as duas maiores lideranças estaduais: Marcos Antônio da Silva, mais conhecido como Marrom e Reginaldo Pacheco, foram excluídas do MST por decisão da direção nacional do Movimento. A GAZETA DE ALAGOAS fez várias tentativas de conversar com Pacheco, que era o coordenador estadual. Porém, ele não foi encontrado e não atendeu ao celular. Entretanto, Marrom confirmou estar afastado do movimento. Tivemos problemas internos, daí estou fora. Marrom adiantou que não abandonou a luta pela reforma agrária no Estado. O futuro do Brasil é a reforma agrária. Não existe outra saída. Sobre a situação dos assentamentos, Marrom disse que a coisa é muita séria. Temos informações de tráfico e consumo de maconha, venda de lotes, de gente envolvida com roubo de carro, desmanches e muitos companheiros e lideranças temem os pistoleiros. A ex-liderança do MST tem indicativos sobre os pontos mais críticos. Mas, preferiu não falar sobre o assunto, por estar afastado. Direção nacional A direção nacional do MST enviou para Alagoas um dos dirigentes, que atuava no vizinho Estado de Sergipe. José Roberto Silva veio para coordenar e colocar o movimento no rumo da reforma agrária. Ele também é da direção nacional. O MST tem, neste Estado, 46 acampamentos e 34 assentamentos. Os outros acampamentos e assentamentos são do MLST, MTL, MTB, CPT e Fetag. José Roberto revelou que Reginaldo Pacheco e Marrom foram excluídos do movimento porque provocaram a crise interna e o racha que resultou na desestabilização na luta do MST. O novo líder culpou o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelos problemas. Se existiam problemas de infiltrações indevidas nos assentamentos, de venda ilegal dos lotes porque não agiram? Portanto, se essas denúncias forem verdadeiras, o movimento responsabiliza o governo passado, que não adotou políticas para promover a efetiva reforma agrária no País. Ele confirmou que seu deslocamento para Alagoas obedece orientação nacional de conduzir a luta dos trabalhadores sem-terra. José Roberto disse desconhecer o envolvimento de militantes com crimes e tráfico de drogas. A direção nacional do MST não aceita o envolvimento com crimes e drogas. Sem fornecer maiores detalhes, deixou escapar que a nova direção estadual está apurando o suposto envolvimento dos militantes com crimes, para as devidas providências. Uma fonte do Incra adiantou que existe uma investigação em curso e a Polícia Federal poderá ser acionada para apurar o tráfico de drogas e formação de quadrilhas de assaltantes e pistoleiros nos assentamentos.