Política
Comandante-geral da PM tamb�m reivindica reajuste

ARNALDO FERREIRA A maioria dos 8.500 policiais militares vive um clima de esperança de ver seus salários, pelo menos, equiparados aos da Polícia Civil. O comandante-geral, coronel José Edmilson Cavalcante, admitiu que há uma clima de expectativa em toda a tropa. Porém, não confirmou as denúncias de bastidores, que dão conta de que os militares preparam um novo aquartelamento. ?A lei proíbe greve dentro da corporação. Há um clima de confiança no comando geral e esse clima me dá a convicção de que não é o momento para se cogitar greve ou qualquer outro tipo de movimento que venha prejudicar a sociedade?, avaliou o comandante-geral da PM ao tranqüilizar a comunidade. Há 24 anos na Polícia Militar, o cel. Edmilson revelou que recebe líquido R$ 4,2 mil. Este é o soldo médio, também, dos 17 coronéis do Estado-Maior da PM. Ele negou que tem passado dificuldades financeiras. Porém, admitiu que, como a maioria dos militares, espera receber melhoria salarial, pelo menos igual a um delegado de Polícia Civil. /// - Mais de oito mil policiais militares esperam aumento do soldo. Qual o clima da tropa? - Há uma expectativa de que o governo do Estado acene com o aumento de salário esperado pela tropa. Eu diria que há um clima de esperança. - O senhor está há quantos anos na Polícia Militar do Estado de Alagoas? - Tenho 24 anos de polícia. - Para se chegar ao posto de comandante o que é necessário fazer? - Passamos por um Curso de Formação de Oficiais (CFO); depois, um Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais (CAO), em seguida o Curso Superior de Polícia (CSP); além de outros cursos de especialização e com matérias específicas da corporação. Particularmente, estudei fora também e hoje sou bacharel em Ciências Jurídicas. - Como comandante-geral da PM, qual o seu salário? - A remuneração total de comandante-geral da Polícia Militar é de R$ 6 mil. Ao abater as parcelas relativas ao Imposto de Renda e ao Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores (Ipaseal) a remuneração líquida fica em torno de quatro mil e duzentos reais. - Fora o comando geral o senhor tem outra atividade extra? - Não. A lei proíbe. A atividade de polícia tem de ser de dedicação exclusiva. - Quer dizer que o senhor vive com quatro mil e duzentos reais? - Exatamente isso. Sou casado e tenho dois filhos. Estudam em escola particular. - A maioria dos seus companheiros da PM reclama que passa dificuldades por causa da baixa remuneração dos soldos. O senhor também passa? - Eu não diria que passo dificuldades. Mas, obviamente, como todos, almejo perceber melhor do que percebo. - Como advogado, o senhor acha que estaria percebendo quanto? - Não sou advogado, sou bacharel em Ciência Jurídicas. Não sei responder a esta pergunta porque logo após a formatura, em decorrência da atividade de policial militar, não pude exercer a atividade de advocacia. Confesso que não estou a par dos honorários advocatícios. - O senhor se sente frustrado? - Não. No meu caso não sinto frustração. Sou policial por desejo, vocação, porque gosto do que faço. É óbvio, também, que a vida não é um mar de rosas. Em todas as atividades profissionais da vida humana temos duas faces da moeda: a positiva e a negativa. A expectativa é de que a minha Polícia Militar seja, um dia, moderna, ágil, uma polícia que atenda aos anseios da sociedade quanto ao que ela realmente espera e precisa. - Quantos coronéis têm os mesmos cursos que o senhor? - São 16 coronéis e mais um por força de decisão judicial. Quer dizer, são 17 coronéis ativos no Estado de Alagoas. Alguns percebem um pouco mais, em decorrência do tempo de serviço, e outros na mesma medida do comandante. - Qual é o clima entre os seus colegas coronéis que têm vencimentos de quatro mil e duzentos reais? - A expectativa dos coronéis é de que seus salários, naturalmente, sejam majorados e que não fiquem tão aquém da remuneração que percebe um delegado de polícia, por exemplo - No governo de Divaldo Suruagy (1995 a 1997) houve um aquartelamento na PM, por causa de salários atrasados e baixos. Hoje, há clima para uma nova rebelião daquele tipo? - Acredito que não. A tropa está madura, mais consciente, conhece suas obrigações constitucionais militares, onde o regulamento e a lei proíbem greves dentro da corporação. Há, também, um clima de confiança no atual comandante-geral e esse grau de confiança nos dá a convicção de que não é o momento para se cogitar greve ou qualquer outro tipo de movimento que possa prejudicar a sociedade. - Apesar de tudo, como vai a Polícia Militar? Tem equipamentos, armas? - A Polícia Militar tem equipamentos. Tem os meios para trabalhar, à medida que é, realmente, necessário. Precisaríamos de mais alguns homens para aumentar o efetivo, mais equipamentos como coletes à prova de balas, viaturas novas, porque há viaturas precisando ser alienadas e precisamos de equipamentos de tecnologia para oferecer ao policial mais conforto e segurança no exercício das suas atividades. - O que o senhor espera daqui para frente? - Estamos empenhados em oferecer à Polícia Militar o que for possível e estiver ao nosso alcance. Espero, com a colaboração do governo estadual e com a aquiescência e boa vontade do governo federal, por intermédio do Plano Nacional de Segurança Pública, que nós consigamos oferecer à polícia o mínimo do que ela precisa para desempenhar seu papel com mais eficiência. - Há indicativos de que oficiais da PM não aceitam a proposta de mudar a forma de pagamento para subsídios como anunciou o governador Ronaldo Lessa. O que há de fato sobre o assunto? - Não, não é verdade que não aceitamos a mudança para os subsídios. Pelo contrário, pela primeira vez na história a Polícia Militar apresenta ao governo uma proposta totalmente democrática, onde todas as associações de classes da polícia: cabos e soldados, oficiais e inativos, participaram ativamente da elaboração. Então, hoje, o projeto de lei que está com o governador é uma representação legítima das entidades de classe da corporação. Os coronéis, em nenhum momento, se manifestaram contra a colocação do subsídio. Suas principais preocupações dizem respeito a três pontos: que o subsídio não reduza a remuneração; que um soldado não tenha vencimento tão inferior ao que é pago a um agente de polícia e que um coronel não receba valor tão menor do que um delegado de polícia. - Qual o pleito de remuneração para um soldado? - A expectativa é que o soldado de primeira classe tenha uma remuneração líquida entre novecentos e mil reais por mês. - E um coronel? - A expectativa é de receber um remuneração bruta entre oito mil e oito mil e cem reais.