ENTREVISTA LUCIANA CAETANO

A mudança no cálculo para reajuste do salário mínimo, que deixa de ter ganhos reais a partir do próximo ano, segundo o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) apresentado pelo governo Bolsonaro, encerra um ciclo de 11 anos de sucessivos aumentos com foco em garantir um melhor poder de compra ao trabalhador. ?Se a esquerda não tivesse adotado essa política de valorização do salário mínimo, ele corresponderia a pouco mais de R$ 500, considerando só o reajuste com base na inflação. É isso que está proposto a partir de 2020?, destaca a doutora em Desenvolvimento Econômico e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Luciana Caetano. Nesta entrevista à Gazeta, ela alerta ainda para os riscos de manipulação dos indicadores da inflação nos próximos anos, já que serão eles a nova base de cálculo para o salário mínimo. ?Com ameaças de desmonte dos institutos de pesquisa, essa inflação pode ser manipulada para defasar ainda mais os salários, como ocorreu em 1973, durante o regime militar?, lembra. ?Inflação pode ser manipulada para defasar o salário mínimo?