Política
Coronel diz que ganha menos que capit�o lotado no Pal�cio

ARNALDO FERREIRA Um capitão da Polícia Militar que estiver lotado no Palácio do Governo ganha mais que a maioria dos 17 coronéis da PM. Na verdade, os capitães lotados no palácio têm vencimentos e vantagens que elevam o salário a patamares superiores até mesmo aos do comandante-geral da PM. A informação circulou, ontem, na reunião que aconteceu, pela manhã, entre o comandante em exercício da PM, coronel Rubens Goulart, os presidentes das associações dos Oficiais, dos Sargentos, dos Cabos e Soldados e dos Inativos da Polícia Militar, e que só a GAZETA DE ALAGOAS teve acesso. O encontro reuniu, também, boa parte dos comandantes de unidades e ocorreu no quartel da PM, localizado no Trapiche da Barra, durante boa parte da manhã. Muitos desabafos, a maioria contra o achatamento salarial, ocorreram na reunião. Os militares queriam saber os motivos que levam um delegado da Polícia Civil ganhar R$ 8,1 mil (bruto) e um coronel da PM com mais de 20 anos de serviços, R$ 6 mil (bruto). Os líderes dos cabos e soldados alertaram para as dificuldades salariais da tropa, admitiram que se o governo não se pronunciar logo sobre o reajuste dos vencimentos, mais de 6.500 militares que recebem salários médios de R$ 400,00 podem partir para medidas radicais, como se ?aquartelar?. O alerta é do presidente da Associação dos Cabos e Soldados, soldado Wagner Simas. Negociar O comandante em exercício e seus colegas coronéis reconhecem: ?A insatisfação da tropa é grande, mas é preciso calma. Vamos negociar até a exaustão?, recomendou, por exemplo, o coronel Joilson Gouveia, especialista nos cálculos das perdas salariais que a PM vem sofrendo, ao longo dos últimos anos. O coronel Rubens Goulart defendeu a isonomia funcional dentro da PM, o respeito da hierarquia salarial e confidenciou: ?Proporcionalmente, ganho menos que um capitão que trabalha no palácio?. Acrescentou que o capitão, com todas as vantagens, recebe perto de R$ 7 mil, enquanto um coronel, R$ 6 mil. O comandante em exercício da PM acrescentou que o comando-geral da corporação, em nenhum momento, admitiu aquartelamento. ?O aquartelamento não é decisão do comando, mas sei que existe disposição de cabos e soldados. Reconheço a insatisfação. Sou governo, mas sou também a corporação?, disse o coronel Rubens, ao pedir os presidentes das associações para conduzirem este processo com parcimônia, maturidade e elegância. ?Não queremos transtornos para a sociedade. Acredito na solução negociada, na legalidade?. Porém, o próprio Goulart admitiu que 70% dos oficiais têm mais de dois empréstimos bancários e 90% têm um empréstimo, para saldar dívidas acumuladas. O comandante-geral da PM, coronel Edmilson Cavalcante, só faltou à reunião porque, ontem, estava em São Paulo, no Fórum de Comandantes-Gerais das PMs Brasileiras. Alguns coronéis, na reunião, fizeram a defesa do governador Ronaldo Lessa (PSB). Eles avaliaram que assessores, na ânsia de querer agradar o governador, passam informações equivocadas. Lessa acompanha a movimentação dos bastidores da Polícia Militar. Inclusive, já adiantou que não pretende fazer promessas que não pode cumprir. Para evitar que a insatisfação tome proporções inesperadas, convocou uma reunião com os coronéis e líderes da PM. O encontro está previsto para acontecer, na quinta-feira, no Palácio dos Martírios, com o horário ainda a ser definido.