Política
Ibope: Heloísa tem 3% para presidente

ODILON RIOS Repórter Pesquisa do Ibope divulgada ontem pelo Bom Dia Brasil, da Rede Globo, apontou que a senadora Heloísa Helena (P-Sol) aparece como uma das candidatas a presidente da República. Se a eleição fosse hoje, ela seria a única mulher a ter alguma chance de disputar o cargo, mas perderia para candidatos tucanos e para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A pesquisa foi estimulada, ouviu duas mil pessoas em 145 cidades brasileiras e acabou constatando que as denúncias de corrupção, no alto escalão do governo, ainda não afetam o presidente Lula. O levantamento foi feito em quatro cenários diferentes. No primeiro, é mostrado o desempenho do tucano José Serra, prefeito de São Paulo. Na avaliação, Lula ganharia a eleição com 36% dos votos; Serra apareceria em segundo, com 22%; Anthony Garotinho (PMDB) em terceiro, com 12%; o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (PFL) figura em quarto, com 4% e Heloísa Helena, com 3%. Votos brancos e nulos, somam 17%; não souberam ou não opinaram, 7%. No segundo cenário, desta vez substituindo Serra pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), o presidente Lula seria reeleito, com 39% dos votos; o governador estaria em segundo, com 13%; Garotinho em terceiro com 13%; Maia com 6% e Helena em quarto, com 3%. Votos brancos e nulos, somariam 20%; não sabem ou não opinaram, 7%. Em um terceiro cenário, com a presença do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Lula também ganharia a disputa, com 39%; FHC e Garotinho dividiriam o segundo lugar, com 13%; Maia estaria com 6% e Heloísa, de novo, com 3%. Brancos e nulos, 19%; não opinaram ou não responderam, 7%. Em um quarto cenário, sem o presidente Lula, com o governador de São Paulo e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, Garotinho venceria a eleição, com 24%; Alckmin ficaria em segundo, com 17%; Maia em terceiro, com 9%, Heloísa em quarto (6%) e Palocci em quinto, com 4%. Brancos e nulos, somariam 30% neste cenário e não sabem ou não opinaram, 10%. A Gazeta tentou, mas não conseguiu conversar ontem com a senadora para que ela comentasse os números da pesquisa. Heloísa tem procurado aparecer na CPI dos Correios, que a tem projetado nacionalmente, e isso vem sendo o carro-chefe para o P-Sol tentar se consolidar. ### Senadora estacionou, avalia professor O cientista social Alberto Saldanha não acredita que a crise tenha favorecido a senadora Heloísa Helena (P-Sol) ou ainda servido para ajudá-la a se projetar nacionalmente pela sigla. Os números não vêm sofrendo alteração desde que a senadora saiu do PT. Isso não quer dizer que ela tenha crescido, disse Saldanha. Heloísa foi expulsa do PT há dois anos, depois de entrar em choque com projetos do governo federal, como a reforma da Previdência Social. Segundo Saldanha, os cenários apontam que a senadora pode não disputar uma vaga ao governo estadual ou ao Senado e sair como presidente da República pelo P-Sol. Na opinião do professor, que é da Universidade Federal de Alagoas, a pesquisa mostra que ela é uma personalidade na política brasileira e que não há outra alternativa para o P-Sol senão colocar a candidatura da senadora para a Presidência da República. Atualmente, o P-Sol organiza atos nacionais com o PDT, mas, de acordo com o professor, Heloísa representa um setor da esquerda mais radical, que faz oposição ao presidente Lula. Nessa alternativa, só o PSTU se uniria à senadora. O PDT, na visão de Saldanha, acabaria por escolher outra alternativa menos radical. O PSDB tem duas alternativas para enfrentar o presidente: o governador de São Paulo [Geraldo Alckmin] é mais técnico e nesse momento parece que não serviria, por causa das denúncias contra o governador. Sobra o carisma de José Serra. A oposição bate mais no PT, preserva o presidente e na eleição ele vai sofrer um processo de fragilização, comentou Saldanha Vaga Nos bastidores, a senadora não disputaria a vaga ao Senado em 2006 por causa do governador Ronaldo Lessa (PDT), apesar de Lessa, também segundo os bastidores, saber que Heloísa é atualmente uma forte candidata à vaga. Ambos eram aliados, romperam e Heloisa, então no PT, retirou cargos dos petistas. Restando a opção ao governo estadual, Heloísa disputaria a vaga com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB) ou o deputado federal João Lyra (PTB). O P-Sol, porém, teria de se organizar rapidamente no interior alagoano, o que não vem acontecendo. |OR