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Coelho admite possível crime eleitoral

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| LUIZA BARREIROS Repórter O coordenador da campanha do PT ao governo de Alagoas em 2002 e delegado regional do Trabalho, Ricardo Coelho, admitiu ontem que o partido pode ter cometido crime eleitoral ao omitir, na prestação de contas apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), dívidas de campanha no valor de R$ 160 mil. O valor que deveria contar na prestação de contas como ?restos a pagar? passou a ser de conhecimento público depois que a diretora financeira das empresas do publicitário Marcos Valério de Souza (acusado de ser o operador do mensalão), Simone Vasconcelos, incluiu o presidente do PT de Alagoas, deputado Paulo Fernando dos Santos, o Paulão, na lista das pessoas beneficiadas nas remessas de dinheiro para quitação de gastos de campanha nos estados. Ao justificar o recebimento de R$ 160 mil enviados por Valério, Ricardo Coelho e Paulão afirmaram que receberam o dinheiro pensando que estava sendo enviado pelo Diretório Nacional do PT para quitar despesas da campanha do então candidato Judson Cabral, que não teriam sido quitadas por falta de recursos. Porém, a dívida de R$ 160 mil não consta na prestação de contas aprovada pelo TRE em fevereiro de 2003, o que configura crime eleitoral. Segundo o contador Daniel Salgueiro, dívidas de campanha que não tenham sido quitadas até a data da apresentação das prestação de contas têm que obrigatoriamente ser informadas. Todo o saldo devedor deve ser declarado, disse. Segundo Ricardo Coelho, que não era o tesoureiro da campanha, mas como coordenador acabou sendo o responsável pelo pagamento das dívidas, optou-se por não declarar os débitos para que eles fossem quitados posteriormente. Acredito na possibilidade de ter havido crime eleitoral pela não prestação de contas, mas estou tranqüilo para me justificar para a Justiça Eleitoral, embora ainda ache que deve ser analisado juridicamente quem cometeu o crime, disse. Na prestação de contas encaminhada ao TRE, há um ofício do deputado Paulão que designa como presidente e tesoureiro do comitê financeiro único da campanha de 2002, Reginaldo Lira e Carlos André Santos da Silva, respectivamente. ### R$ 80 mil depositados na conta pessoal Apesar de o nome do deputado Paulão constar na lista de Simone Vasconcelos como Paulão - PT do Nordeste, foi na conta pessoal de Ricardo Coelho que metade do dinheiro enviado para o PT alagoano pelo esquema de Valério foi depositada. Coelho admitiu ontem ter usado sua conta particular na Caixa Econômica para receber os R$ 80 mil. Mas na terça-feira, em entrevistas que deu, ele alegara não lembrar o nome do titular da conta: Ou foi na minha, ou foi na do Paulão ou foi na do Judson. Isso a gente vai ter que fazer um levantamento, disse ele em entrevista à Gazeta, na terça-feira. Ontem, ele disse que só utilizou esse argumento porque queria ter certeza de que o dinheiro havia sido realmente depositado em sua conta. Já sabia que era na minha, mas queria ter certeza para não dar um tiro no pé, argumentou Coelho. Os outros R$ 80 mil, disse ele, foram depositados na conta da Staff Propaganda. Segundo Coelho, R$ 80 mil foram depositados em sua conta pessoal porque a empresa que receberia o dinheiro teria alegado problemas na conta. A conta do comitê eleitoral já estava fechada, começou um jogo de empurra e, como fiquei com medo de perder os recursos e depois não ter como pagar os débitos de campanha, resolvi usar minha conta pessoal para receber o dinheiro, disse. Coelho afirmou que já pediu à Caixa cópias de todos os cheques que emitiu para repassar os recursos para os credores do PT. Não fiquei com nenhum centavo desse dinheiro e só dei o número da minha conta porque achava que o dinheiro vinha do Diretório Nacional do PT. Se soubesse que não era essa a origem, jamais teria aceito, afirmou. ### Judson: houve acordo com credores O vereador Judson Cabral que foi o candidato do PT ao governo na eleição de 2002 admitiu ontem que apenas 60% dos gastos de sua campanha foram declarados ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Segundo ele, o gasto total foi de R$ 370 mil, mas só havia recursos suficientes para pagar R$ 217 mil, valor que foi declarado na prestação de contas. Fechamos as contas, conversamos com os credores e eles concordaram em receber depois, quando recebêssemos o dinheiro que havia sido prometido pelo Diretório Nacional do PT, contou. Para Cabral, isso não configurou um caixa dois. Para nós não foi caixa dois porque os credores concordaram em receber depois, justificou. Cabral disse ainda que ele, Ricardo Coelho, o deputado Paulão e o PT de Alagoas foram envolvidos em todo esse processo por membros do PT paulista que integram a direção nacional. A senadora Heloísa Helena desistiu de sua candidatura e entramos na campanha porque o Diretório Nacional garantiu que ajudaria nas despesas, o que acabou não acontecendo. Fomos vítimas desse processo nefasto porque imaginamos que o dinheiro vinha da campanha nacional, disse, defendendo a expulsão do ex-tesoureito Delúbio Soares, do ex-secretário Silvinho Pereira e até do ex-presidente do PT José Genoíno, se também for comprovada sua participação no processo. Judson disse ter a consciência tranqüila, por ter sido atingido, junto com os companheiros de Alagoas, de forma involuntária. Fica a lição de que esse tipo de relação financeira não pode ocorrer no nível de confiança entre companheiros. Tem que ser mais burocrático, disse. |LB

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