Política
Presidente da Ceal nega mudanças

| PETRÔNIO VIANA Repórter O presidente da Companhia Energética de Alagoas (Ceal), Joaquim Brito, desmentiu, no fim da tarde de ontem, que o diretor de Operações, Geraldo Santiago, e o diretor comercial do órgão, Roberto Freire, estejam deixando seus cargos. Na manhã de ontem, o presidente do Conselho Administrativo da Eletrobrás, Afrânio Barreiras, esteve em Maceió para se reunir com o presidente e os diretores da Ceal. De acordo com informações quecircularam durante o dia de ontem, Geraldo Santiago, indicado para o cargo de diretor de Operações da Ceal pelo deputado federal João Caldas (PL), estaria sendo substituído pelo ex-prefeito de Coruripe, Joaquim Beltrão (PMDB). O diretor comercial da Ceal, Roberto Freire, seria substituído por Jackson Pacheco. Beltrão e Pacheco teriam sido indicados pelo presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB). As mudanças na diretoria da Ceal estariam sendo motivadas pela alteração no comando do Ministério das Minas e Energia, que passou para as mãos do PMDB, dentro da reforma ministerial promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no sentdo de ampliar o espaço do partido dentro do governo. Candidatura Joaquim Brito declarou que não havia qualquer tipo de negociação em torno de substituições na empresa e passou a responsabilidade por falar sobre o assunto para Afrânio Barreiras. Não houve nenhuma deliberação na reunião de hoje [ontem]. Quem pode falar sobre mudanças é o presidente do Conselho Administrativo, disse Brito, desligando repentinamente seu telefone celular. O presidente da Ceal também não quis comentar a indicação de Pedro Alcântara para assumir o comando da empresa, quando Brito pedir afastamento das funções para disputar as eleições do ano que vem. Brito estaria preparando sua candidatura a deputado estadual pelo PT, partido ao qual é filiado. Brito assumiu o cargo em abril de 2003, por indicação do PT estadual, e tem dedicado sua administração a reduzir os índices de inadimplência no pagamento das contas de energia elétrica. Os maiores devedores da Ceal são prefeituras do interior, órgãos estaduais e indústrias. ### Caldas: Foi um mal-entendido O deputado federal João Caldas, responsável pela indicação de Geraldo Santiago para a diretoria de Operações da Ceal, foi também o responsável por impedir a saída de Santiago do cargo. De acordo com as informações que circularam ontem em Maceió, o deputado teria conversado com o líder do PT na Câmara Federal, deputado federal Arlindo Chinaglia, com o ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau e com o presidente da Eletrobrás, Aloísio Vasconcelos, no intuito de evitar que Santiago fosse afastado do cargo. Em entrevista à Gazeta ontem, por telefone, Caldas negou que tivesse procurado qualquer autoridade para interferir no caso. Eu soube disso hoje [ontem] e não conversei com ninguém. Oficialmente, soube que ia haver substituições, mas depois soube da desistência. Isso foi provavelmente um mal-entendido. Não há motivo para substituições na Ceal, declarou. Na opinião do deputado, o motivo para as modificações serem cogitadas é mesmo a mudança no comando do Ministério de Minas e Energia. Eu não conheço os motivos, mas a leitura que eu faço é que foi por causa da mudança no ministério. O PMDB quer cavar agora os espaços nos Estados. Foi uma falta de entendimento político, avaliou Caldas. O deputado considera o gesto um ato isolado do presidente da Eletrobrás e declarou que agora o episódio já estaria esclarecido. Confiança João Caldas comentou a provável saída de Joaquim Brito da presidência da Ceal. Ele [Brito] deve ser candidato a deputado estadual e vai ter que deixar a Cealdentro do prazo estabelecido pela legislação eleitoral. Na opinião de Caldas, todo cargo de confiança é transitório e deve ser encarado dessa forma. Em cargos de confiança, não há nada certo. As razões para tirar alguém de um cargo desses são muitas, disse. O partido de Caldas, o PL, dispõe ainda, em Alagoas, de cargos federais no Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), com Hélder Falcão Rebelo, e na administração do Porto de Maceió, na figura de Domício Gregório Arruda Silva. |PV ### Diretor comenta que foi tudo boato O diretor de Operações da Ceal, engenheiro Geraldo Santiago, declarou, na tarde de ontem, que desconhecia a informação de que sua substituição estaria sendo acertada nos bastidores da administração da empresa. Santiago negou que a vinda do presidente do Conselho Administrativo da Eletrobrás, Afrânio Barreiras, tivesse alguma relação com as mudanças na diretoria da Ceal. O encontro de hoje [ontem] foi de praxe, para a realização da reunião ordinária mensal. Foram discutidos assuntos administrativos, planos e projetos estratégicos, disse Santiago. O diretor da Ceal confirmou que a indicação de seu nome para o cargo partiu do deputado federal João Caldas. Eu estou trabalhando para cumprir a missão que o partido me apontou, lembrou. Santiago disse acreditar que qualquer modificação na diretoria de operações da Ceal deverá ter o aval do deputado João Caldas. Eu achei isso muito estranho. Qualquer mudança tem que passar pelo conhecimento do deputado federal João Caldas, que é o representante do partido no Estado. Até o deputado me informar de qualquer modificação, eu fico no cargo, disse. Boato Segundo Santiago, a reunião de ontem, na sede da Ceal, com a participação de Afrânio Barreiras, não abordou o assunto. Eu participei da reunião e não foi falado nada sobre a minha saída ou de qualquer outro diretor, mesmo por uma questão de respeito, para não tratar disso na frente dos outros diretores. Para mim, isso tudo não passou de boato, afirmou Santiago. Geraldo Santiago também acredita que o motivo da suposta substituição seria a mudança no controle do Ministério das Minas e Energia. Talvez esse assunto tenha surgido por causa da mudança no ministério, mas até agora não fui comunicado oficialmente de nada, opinou Santiago. Federalização A Companhia Energética de Alagoas foi federalizada em 2001, depois de um longo processo de negociação da dívida do Estado com o governo federal. A Assembléia Legislativa do Estado (ALE) chegou a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar supostas irregularidades no processo de federalização, mas não chegou a nenhuma conclusão definitiva. O processo foi arquivado.|PV