Política
Nonô quer distância da crise Severino

| LUIZA BARREIROS Repórter O deputado federal alagoano José Thomaz Nonô (PFL), vice-presidente da Câmara dos Deputados, só assumirá a presidência da Casa em caso de licença temporária do presidente Severino Cavalcanti (PP-PE). Se Severino for cassado ou renunciar ao cargo em virtude das denúncias de corrupção feitas contra ele, será realizada nova eleição para a presidência da Câmara. Nonô viajou ontem à noite para Nova York (EUA) com Severino Cavalcanti. Eles representarão o Congresso na abertura da assembléia anual da Organização das Nações Unidas (ONU). Procurado ontem pela Gazeta, Nonô não quis comentar as denúncias contra Severino. Por intermédio de sua assessoria, ele mandou dizer que, por enquanto, quer manter distância do assunto. O PFL, partido de Nonô, é um dos que vêm defendendo o afastamento de Severino, enquanto são apuradas as denúncias contra o presidente da Câmara. Como não há lei ou norma do regimento interno da Câmara prevendo o afastamento ou impeachment do presidente da Casa, Severino só poderia deixar o cargo por vontade própria, ou se fosse aberto um processo contra ele por quebra de decoro parlamentar. Nas duas hipóteses, Nonô só assumiria o lugar de Severino se a vacância ocorresse depois de 30 de novembro de 2006. Se antes disso o cargo de Severino ficar desocupado, Nonô teria que convocar uma nova eleição apenas para presidente. Caldas Para o quarto secretário da Mesa da Câmara, deputado João Caldas (PL), Severino Cavalcanti não deve se afastar da presidência. Segundo Caldas, não existe sequer fundamento legal ou regimental para que isso ocorra. O que existe é um processo de investigação que, depois de ser concluído, pode inocentar o presidente ou, se ele for considerado culpado, pedir as providências legais que, no caso de deputado, é a perda do mandato, disse. Ou arquiva-se ou cassa-se, resumiu. Segundo João Caldas, o afastamento voluntário do presidente da Câmara não tem sentido, por não haver nenhum tipo de tentativa de obstrução às investigações. O caso está sendo apurado pela Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e sindicâncias internas da Câmara e do Congresso, além da imprensa e de todos os partidos, disse. Caldas, no entanto, preferiu não se pronunciar sobre o mérito das acusações contra Severino Cavalcanti ele foi acusado pelo empresário Sergio Buani de, em 2003, ter recebido propina de R$ 10 mil por mês para permitir que o empresário explorasse a concessão do restaurante Fiorella, no 10º andar da Câmara, mesmo após o fim de uma prorrogação de contrato. Não vou discutir o mérito para não pré-julgar, afirmou o deputado do PL. Caldas deixou bem claro que na Mesa Diretora não existe a possibilidade de ninguém tomar decisões sozinho. Nenhuma decisão é tomada sem que haja votação entre os sete titulares da Mesa, afirmou, referindo-se a Severino, Nonô, o 2° vice Ciro Nogueira (PP-PI), o 1° secretário Inocêncio Oliveira (PL-PE), o 2° secretário Nilton Capixaba (PTB-RO), o 3° secretário Eduardo Gomes (PSDB-TO) e a ele próprio. Caldas disse que o assunto Fiorella havia sido discutido pela Mesa e que a decisão havia sido no sentido de executar a dívida de R$ 150 mil do restaurante com a Mesa da Câmara, por inadimplência contratual.
