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Juiz da Operação Mãos Limpas faz palestra hoje em Maceió

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| LUIZA BARREIROS Repórter O juiz italiano Paolo Ielo, 45 anos, conhece bem um problema que assola o poder público no Brasil na atualidade: a ligação estreita entre financiamento de campanha eleitoral e corrupção. No início dos anos 90, a Operação Mãos Limpas desvendou as ligações entre a máfia e o poder público na Itália, colocando mais de mil pessoas na cadeia. Paolo Ielo foi um dos cinco magistrados do grupo responsável pela operação. Ele profere hoje, com início às 19h, na Associação Comercial, uma palestra gratuita sobre a experiência de combate à corrupção na Itália. O evento abre um ciclo de palestras sobre Ética na Política que deverá trazer a Maceió nomes nacionais como Leonardo Boff e Fábio Konder Comparato Ielo falou ontem à Gazeta sobre os resultados da operação que investigou bandidos comuns, empresários e políticos por corrupção, concussão (extorsão cometida por funcionário público), financiamento ilícito de partidos políticos, crimes societários e tributários, fraudes fiscais e lavagem de dinheiro. Segundo ele, a Itália mudou após a Mãos Limpas, mas não só por causa da operação. A operação começou depois da queda do Muro de Berlim, quando na Itália, na Europa e no mundo muitas coisas mudaram na política e na economia, observou. A Operação Mãos Limpas foi um fato importante não só na história do país, mas também para o Judiciário, complementa. Segundo ele, a grande diferença vivida na Itália depois da operação e até hoje foi a mudança na forma de financiamento das campanhas políticas. Lá, a partir da metade dos anos 60, existia uma lei que previa o financiamento público dos partidos políticos, da mesma forma como se pretende adotar no Brasil. Isso não evitou que existisse a corrupção, mas pessoalmente acredito que o financiamento público seja uma das condições mas não a única para que não ocorra, por garantir transparência e igualdade de condições entre os partidos. Segundo o juiz, se não houver ética na política, ao lado do financiamento público existe o financiamento particular ilegal, que afeta as condições de transparência e igualdade. O financiamento público foi cancelado na Itália por um referendo. A atual legislação prevê limitação de gastos e reembolso de parte das despesas de propaganda por um fundo público. ### Caixa dois em campanha gera corrupção Na opinião de Paolo Ielo, duas condições possibilitaram que a Operação Mãos Limpas acontecesse na Itália: uma forte independência e autonomia do Judiciário (que lá inclui as carreiras dos juízes e dos membros do Ministério Público) e a grande atenção que a imprensa deu à operação. Sem a presença simultânea dessas duas condições, a Operação Mãos Limpas não poderia ter ocorrido, diz o juiz. Doze anos depois, Ielo diz que a Itália continua tendo os mesmos crimes, mas sem a evidência que tiveram e sem ligação tão forte com campanhas eleitorais. A corrupção continua existindo, mas não tem a mesma finalidade de alimentar campanhas. Hoje as investigações são mais direcionadas a evitar crimes para proteger a população, os pequenos investidores. São mais crimes financeiros, explica. Na metade dos anos 90, Paolo Ielo veio ao Brasil por duas vezes e, com colegas italianos, falou sobre sua experiência no Senado. Ele lembra que na época abordou um tema muito atual para o Brasil: o caixa 2. Ficou evidenciado que a corrupção por meio de recursos não contabilizados tinha a finalidade de propinas a políticos. Que o caixa dois gerava tudo isso, conta. Perguntado se, na Itália, o Brasil tem uma imagem de país corrupto, Ielo respondeu: Eu nunca definiria um país como corrupto. A corrupção pode acontecer em qualquer país, como aconteceu na Itália e como está acontecendo no Brasil. |LB

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