loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
quinta-feira, 03/07/2025 | Ano | Nº 6002
Maceió, AL
22° Tempo
Home > Política

Política

Scavuzzi: Fiquei numa chapa-quente

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

REGINA CARVALHO GILVAN FERREIRA Repórteres Em entrevista coletiva concedida ontem, o coordenador de Planejamento da Prefeitura de Rio Largo, Ricardo Scavuzzi - acusado de integrar a quadrilha do vereador Júnior Pagão e que deixou a prisão por força de um habeas-corpus - denunciou que foi torturado dentro de uma das celas do presídio Cirydião Durval, a mando do diretor-geral da Polícia Civil, Robervaldo Davino. Fiquei numa ?chapa quente?. Soube que a ordem vinha do Davino, que era para eu ?ficar mole?. Fiquei com mais sete elementos e três deles estavam drogados e armados com espetos. Um calor tremendo, uns 50 graus. A sala tinha um buraco no chão e uma fedentina terrível, relatou Scavuzzi, que é marido da prefeita de Rio Largo, Vânia Paiva. Scavuzzi declarou ainda que era amigo de Robervaldo Davino e, por isso mesmo, não entendeu o tratamento que teve da polícia durante a Operação Mata do Rolo, que prendeu 13 pessoas suspeitas de integrarem a quadrilha de Pagão, entre eles, Scavuzzi. Segundo a Gazeta apurou, a relação do diretor-geral da Polícia Civil com Scavuzzi deve-se a Arnaldo Paiva, que é irmão da prefeita de Rio Largo, secretário do Gabinete Civil do governador Ronaldo Lessa. Antes das perguntas serem iniciadas, Ricardo Scavuzzi pediu a palavra e chegou a chorar ao falar da prisão. O delegado (Marcílio Barenco, de Rio Largo) me colocou na condição de criminoso. Fui preso sem saber porquê. Foram os momentos mais angustiantes da minha vida. Houve uma falha muito grande do delegado, lembrou Scavuzzi, sem entrar em detalhes qual seria essa falha. Questionado sobre seu envolvimento com o vereador Júnior Pagão, Scavuzzi disse que a relação com ele era apenas política. Foi uma arrumação política, como tivemos com o deputado Gilberto Gonçalves, informou. Scavuzzi também não comentou a reunião da última quarta-feira entre os seis juízes que compõem o Núcleo de Combate ao Crime Organizado, que reagiram de forma contrária à decisão do desembargador Orlando Cavalcanti Manso que concedeu habeas-corpus ao coordenador de Planejamento. A declaração sobre o assunto foi feita pelo advogado, Adriano Soares. Não entendo essa crise no Judiciário. Esse assunto deve ser tratado sem paixões, tecnicamente. Nunca vi isso, de juízes criticarem a decisão de um desembargador. Isso me preocupa, ressaltou. O advogado falou do despacho do desembargador Orlando Manso. Os fundamentos da prisão não têm nada a ver com seqüestros, latrocínios e outros crimes, rebateu. Sobre o incêndio na Secretaria de Finanças de Rio Largo em 2004, Ricardo negou a acusação. Tocar fogo seria só arrumar trabalho para a gente, rebateu. ### Abílio manda apurar denúncia de tortura Eu sou avesso a tortura. Nem quando era simplesmente delegado da Polícia Civil utilizava tais métodos, muito menos os uso agora no cargo de diretor da Polícia Civil. Sou totalmente contra estes atos dentro da instituição da Polícia Civil e não emiti ordem alguma para que o preso fosse torturado, informou Robervaldo Davino, por intermédio da sua assessoria de imprensa. Davino não falou diretamente à imprensa por estar prestando depoimento ao juiz José Braga Neto no processo que apura o assassinato do fazendeiro Fernando Fidélis, ocorrido em 28 de outubro do ano passado, dentro do presídio Baldomero Cavalcanti. GOVERNO O governador em exercício Luis Abílio (PDT) disse ontem que já teria determinado ao secretário de Defesa Social, coronel Ronaldo dos Santos, a apuração das denúncias de tortura feitas pelo coordenador da Prefeitura de Rio Largo, Ricardo Scavuzzi. Se isso realmente aconteceu, vamos apurar, esclarecer e punir possíveis culpados. Queremos tudo esclarecido perante a sociedade. O governo vai manter sua posição de intensificar suas ações e contribuir com a Justiça na caça a criminosos, mas não abre mão do respeito aos direitos humanos, afirmou Luis Abílio em comunicado oficial. O governador Luis Abílio sugeriu que o Ministério Público também acompanhasse as investigações sobre as denúncias de Scavuzzi. Essa participação se torna importante. Vamos agir e apresentar as devidas respostas. É assim que a sociedade deseja ver as instituições funcionando, concluiu. O delegado de Rio Largo, Marcílio Barenco, negou que a prisão de Scavuzzi tenha qualquer ligação política. Barenco prometeu apresentar no momento oportuno todas as informações sobre o inquérito, que ontem foi encaminhado ao desembargador Orlando Manso. A Gazeta apurou que as investigações da Polícia Civil mostrariam a participação de Scavuz-zi com a quadrilha do vereador de Rio Largo, Júnior Pagão. |RC e GF ### TJ recebe habeas-corpus para foragido O advogado Fernando Guerra entrou ontem com um pedido de habeas-corpus no Tribunal de Justiça de Alagoas para evitar a prisão do vereador de Rio Largo, Júnior Pagão. Ferro alega, em seu recurso, que Júnior Pagão tem direito ao mesmo benefício oferecido ao coordenador de Planejamento de Rio Largo, Ricardo Scavuzzi, que foi beneficiado na última terça-feira com um habeas-corpus concedido pelo desembargador Orlando Manso. O desembargador Sebastião Costa, que foi sorteado para julgar o recurso do vereador Júnior Pagão, pediu informações ao Núcleo de Combate ao Crime Organizado e ao delegado de Rio Largo, Marcílio Barenco, para decidir se coloca ou não o vereador Júnior Pagão em liberdade. A decisão do desembargador Sebastião Costa deve ser anunciada hoje à tarde. Ontem, o desembargador Orlando Manso defendeu a sua decisão que foi criticada pelos seis juízes integrantes do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (NCCO). A Gazeta apurou que a decisão do desembargador Orlando Manso vai ser encaminhada ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que tem como uma das funções fiscalizar as decisões dos integrantes do Poder Judiciário. A Gazeta ontem tentou ouvir o desembargador Orlando Manso para falar sobre a possibilidade da sua decisão ser analisada pelo CNJ, mas até as 21h, ele participava de uma reunião fechada com seus assessores. Ontem, o Pleno do Tribunal de Justiça se reuniu para tratar de assuntos administrativos. Os 11 desembargadores evitaram falar sobre a decisão do desembargador Orlando Manso. Os seis juízes do Núcleo de Combate ao Crime Organizado também evitaram novas declarações sobre o caso. Recado O delegado Marcílio Barenco falou ontem sobre a possibilidade de seu afastamento das investigações das ações da quadrilha liderada por Júnior Pagão. Ontem, ele foi informado que o governador em exercício Luis Abílio estaria sendo pressionado para afastá-lo da delegacia de Rio Largo. Eu continuo com o meu trabalho e não posso me preocupar com as pressões de algumas pessoas para que me afaste do caso, disse. |RC e GF

Relacionadas