Política
Lessa insiste em trazer PT para o frentão

| ODILON RIOS Repórter A candidatura do frentão ao governo estadual reúne nove partidos, alguns bastante apagados da administração pública estadual. É o caso do PT do B, PRP, PHS, PTC e PL, que ocupam cargos de segundo ou terceiros escalões, sem poder de decisão na máquina governamental. O PT, que possui as secretarias de Direitos Humanos e Trabalho e Renda, além da Fundação Alagoana de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), resolveu seguir caminho próprio, foi o que disse a presidente estadual do PSB, Kátia Born. O PT conversou conosco neste sábado pela manhã e disse que não poderia ficar. O PT está fora, é uma posição partidária, contou Born. Foi o caso do PV e do PC do B, também aliados do governo Lessa, mas que não assinaram uma carta manifesto dos partidos que apóiam o frentão nem foram à coletiva, mas estavam na aliança branca de 2002 que reelegeu Lessa. Palanque de esquerda Mesmo sem o partido de Lula em Alagoas, a presidente do PSB acredita que será montado um grande palanque de esquerda, referindo-se à frente governista. Outros dois partidos não possuem cargos no governo, como o PSDB e PMDB. Ontem, porém, durante o anúncio da candidatura do senador Teotonio Vilela Filho (PSDB) ao governo, o governador Ronaldo Lessa (PDT) aproveitou para chamar as legendas. Não estão no governo porque não querem. Téo e Renan não disseram que sim nem que não à proposta. Dilema O governador Ronaldo Lessa e o presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB), enfrentam um dilema: de um lado, o governador que pode ou não votar pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; do outro, o senador peemedebista, que poderá ou não ser o vice do presidente Lula. Ontem, porém, durante o anúncio do candidato do frentão, Lessa e Renan evitavam aprofundar o assunto. Lessa estava brigado com Lula desde o ano passado, depois de ter tentado levar o PDT à base aliada do presidente. Não conseguiu, chegou a ser vaiado no PDT, e resolveu ser opositor do presidente. Ontem, o governador estava mais comedido, ao falar do assunto, três dias após o reencontro com Lula, que foi articulado por Renan. Colocamos as dificuldades de relacionamento que estava havendo, contou. Perguntado se votava em Lula, foi cuidadoso: Isso vai depender do partido. O PDT é oposição a Lula, sou um homem partidário. Ao ser perguntado se aceitaria ser vice de Lula, Renan também foi comedido. Esse cenário não existe porque é muito difícil o PMDB ter candidato próprio ou fazer aliança com um dos dois grandes partidos, o PT ou PSDB, porque isso dificultaria muito a vida do partido nos estados. ### Téo tenta dar explicações de desistências O lançamento da candidatura ao governo do Estado do senador Teotonio Vilela Filho, anunciada ontem depois de um mês de fortes especulações, assumiu o velho discurso do desenvolvimento econômico alagoano, com enfoque na geração de empregos, e ressuscitou o senador Teotonio Vilela, pai de Téo e um dos líderes da redemocratização brasileira durante a Ditadura Militar (1964-1985). Contra o candidato rival, o deputado federal João Lyra (PTB), algumas farpas, mas sem críticas pesadas. Desistências O senador tucano foi candidato duas vezes e desistiu da disputa: a primeira foi em 1998, quando se colocava como pretenso candidato. Na época, deixou de lado a disputa alegando que era presidente nacional do PSDB. A outra tentativa foi em 2004, quando se candidatou a prefeito da capital. Desistiu da disputa alegando que seu irmão, José Aprígio Vilela, estava doente. José Aprígio morreu no ano passado. Quem acreditar que não serei candidato, vai quebrar a cara, apontou. Segundo ele, o mote da sua campanha será a geração de emprego e renda, com destaque aos pequenos agricultores, micro e pequenos empresários e o pólo cloroalcoolquímico, complexo industrial em Marechal Deodoro. Minha candidatura é a favor de Alagoas. Não é ?antinada?. Um projeto, um foco maior na geração de emprego para o jovem, o pai de família, uma mobilização em torno de um projeto que resulte nisso. Alagoas precisa dar emprego às pessoas, os jovens estão saindo daqui, analisou. Em várias passagens, o velho senador Teotonio Vilela, pai de Téo, era citado. Lembro-me quando Ronaldo Lessa e Renan Calheiros saíam de madrugada da casa do velho Teotonio para escutar suas pregações. Lá se vão 30 anos, disse Téo. |OR ### Frentão tenta repetir aliança branca Atingidos em cheio pelos efeitos da verticalização, o PSDB, PMDB, PDT, PSB, PL e mais quatro partidos nanicos (PT do B, PRP, PHS e PTC) devem repetir a mesma aliança branca das eleições de 2002, quando o governador Ronaldo Lessa (PDT) foi reeleito com apoio das mesmas forças políticas que hoje compõem o chamado frentão, da base governista de Lessa. Ontem, em uma entrevista coletiva, Lessa anunciou o nome do senador Teotonio Vilela Filho (PSDB), como candidato ao governo de Alagoas pelo frentão, como antecipou a Gazeta na semana passada. O nome preferido do grupo era o do senador Renan Calheiros (PMDB). Como ele desistiu, Téo Vilela foi a opção para substituí-lo. O anúncio da candidatura, em um hotel da orla da capital, concentrou cerca de 300 pessoas, entre elas, caravanas de servidores do Estado - que aplaudiam a cada fala de Lessa, de Téo, do senador Renan Calheiros e do vice-governador de Alagoas, Luis Abílio (PDT), que compuseram a mesa da coletiva. Com os jornalistas à frente do auditório, a Gazeta registrou a presença de três dos nove deputados federais (Givaldo Carimbão, Maurício Quintella e Helenildo Ribeiro); de secretários de Estado, os prefeitos de Pilar e Rui Palmeira e empresários do setor sucroalcooleiro, entre eles, José Carlos Maranhão e Emerson Tenório. Foram sentidas as ausências de prováveis candidatos a vice-governador na chapa do frentão e de representantes da Assembléia Legislativa de Alagoas. Leia matéria abaixo Pela aliança branca será possível acertar nos estados coligações entre partidos, inclusive com base de apoio, seguindo acordos bem distantes daqueles estabelecidos pelas executivas nacionais das legendas. É o caso do PMDB, PSDB e PDT, partidos do frentão que estão em palanques diferentes no campo nacional, mas em Alagoas estarão juntos em torno de Téo Vilela. O palanque será igual ao de 2002. Quando chegar o meu candidato a presidente, eu que vou. Quando chegar o do Téo, ele é que vai; quando chegar o do Renan, ele é que vai. Vai ser assim, respeitando a lei, disse o governador Ronaldo Lessa, ao resumir como ficará o quadro político. Renan não viu maiores problemas em subir, durante a campanha, no palanque de Téo. O PMDB já está no palanque, mesmo com a verticalização. A tendência do PMDB depois disso é não fazer aliança nem de um lado nem do outro. Será muito difícil manter a candidatura própria em detrimento das alianças estaduais, explicou. Esse quadro é inevitável nos estados. Muitos partidos não terão projetos nacionais e terão, como conseqüência disso, que abrir os palanques nos estados. Quero reafirmar: não pensamos igualmente sobre tudo, essa frente não tem outra convergência, se não o presente e o futuro de Alagoas, disse Renan. No palanque de Téo, Renan e Lessa haverá pelo menos dois candidatos à Presidência: de um lado o presidente Lula, que receberá apoio de Renan; do outro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), apoiado por Téo. E o governador alagoano, ainda indefinido sobre sua escolha. Se prevalecerem as atuais discussões no PDT, poderá surgir no partido um terceiro candidato à Presidência. OR ### Deputados não foram ao lançamento Candidatos a vice-governador pelo frentão não foram anunciados ontem. Nomes supostamente cotados nem apareceram na entrevista coletiva: a presidente da Associação dos Municípios, Rosiana Beltrão (PRP), e a ex-prefeita de Arapiraca, Célia Rocha (PSDB). Quem esteve lá, de maneira bastante discreta, foi o médico cardiologista José Wanderley Neto, outro postulante a vaga. Indagado pela Gazeta se aceitava ser o vice, ele desviou: Estou aqui só acompanhando, disse Wanderley, que seria o preferido dos caciques do PMDB, partido pelo qual foi candidato derrotado a prefeito de Maceió, nas eleições de 2004. O presidente do Congresso Nacional, senador Renan Calheiros (PMDB), elogiava Célia e Rosiana, mas não citava quem seria o vice do frentão: A escolha do vice é do governador. Temos excelentes nomes do PMDB, fora do partido, na sociedade. É importante ter abertura de escolher, sem pressa, contou. Mas a Gazeta apurou que o vice já está definido e saiu da rodada de negociações neste fim de semana. Deve ser mesmo o médico José Wanderley, um dos amigos mais próximos de Renan. Seu nome não foi anunciado por causa da posição do PMDB nacional, que ainda vai decidir se mantém ou não a idéia de uma candidatura própria à Presidência da República. Isso só será decidido em junho, durante as convenções peemedebistas, a partir do dia 10 daquele mês. Houve outra ausência de peso no anúncio da candidatura de Téo Vilela. A Assembléia Legislativa do Estado faltou inteira. Nenhum dos 27 deputados estaduais foi prestigiar o lançamento da candidatura governista ao Palácio Floriano Peixoto. Renan foi cobrado por isso e explicou. Espero contar com a Assembléia até o fim da campanha, mas ainda não temos maioria na ALE. Gostaríamos de trazer essa maioria para a chapa, disse Renan. Negociações pra vice As negociações neste fim de semana, para a escolha do vice, incluíram dois nomes e desprezaram outro, segundo apuração da reportagem. Os incluídos para a vaga foram os deputados federais Maurício Quintella (PDT) e Givaldo Carimbão (PSB). O desprezado foi o deputado estadual Antônio Albuquerque (PFL). O motivo teriam sido as dificuldades de composição com o PFL alagoano. Quintella foi ventilado nas reuniões deste fim de semana, mas o fato de seu nome ter sido citado na Operação Guabiru, que acusa prefeitos de participarem de uma suposta quadrilha que fraudava licitações para aquisição de merenda escolar, poderia prejudicar a campanha eleitoral. Haveria Carimbão, que ajudaria a eleger a secretária de Saúde e presidente estadual do PSB, Kátia Born (PSB), à Câmara Federal. A proposta não foi aceita, de acordo com apuração da Gazeta. Sobrou Wanderley. Carimbão disse à imprensa que era candidato a reeleição. O vice-governador Luis Abílio (PDT) será o cabo eleitoral do frentão. Ele chegou a ser cotado para assumir a cabeça de chapa, mas isso nunca foi trabalhado com firmeza. O senador Renan Calheiros (PMDB) elogiava Abílio por ele ter desistido de sua candidatura em nome do senador Vilela. Já Abílio declarou ontem que sua preocupação agora é terminar o governo deixado por Lessa e tentar cumprir as promessas de campanha. Temos um projeto que foi iniciado no primeiro governo Ronaldo Lessa, que disse quais as obras que seriam executadas e quando terminarão. Vamos cumprir, inclusive, algumas promessas de campanha que precisam ser realizadas. O foco é esse. Esse é o tempo que precisamos concluir. Não há um calendário de obras para mostrar serviço por causa da eleição. Temos um calendário de obras que foi planejado desde o primeiro governo de Ronaldo Lessa, explicou. |OR