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Nº 5854
Política

ENSINO DE ROBÓTICA NA REDE PÚBLICA ESTADUAL VIRA FAKE NEWS

Diretores e estudantes cobram do governo Renan Filho investimentos na formação de professores

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 12/10/2019 - Matéria atualizada em 12/10/2019 às 06h00

/Alunos estão aprendendo Robótica usando tecnologia defasada
/As professoras Jane Mendes e Elenilda Oliveira reclamam da falta de oportunidades para se especializarem

Uma semana após a Gazeta ter tido acesso a documentos do Tribunal de Contas da União (TCU) e da Controladoria Geral da União (CGU) que investigam e analisam compras da ordem de R$ 16 milhões de equipamentos e kits de robótica pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc), sendo 85% delas sem licitação, a reportagem da Gazeta visitou escolas do ensino médio que oferecem, no currículo, o curso de Robótica. Alguns colégios ficam no Centro Educacional de Pesquisa Aplica (Cepa), a poucos metros da Secretaria Estadual de Educação, onde raramente o secretário Luciano Barbosa é visto. Na maioria delas, reclamações e problemas comuns. O primeiro e talvez mais grave: a falta de professores especializados ou familiarizados com Robótica. Situações que levaram estudantes a afirmarem que o “ensino de Robótica nas escolas públicas é fake news”.

Além de tecnologia ultrapassada e equipamentos sem manutenção, alunos dos ensinos médio e fundamental cobram investimentos para as disciplinas eletivas de escolas de tempo integral.

Outra queixa comum é a falta de equipamentos para atender a demanda. A disciplina de Robótica é classificada como “eletiva” e fundamental nas escolas de tempo integral, e como “ disciplina de atividade” nas escolas de ensino regular. A “cadeira” é uma das mais procuradas pelos estudantes. A maioria fica frustrado porque não consegue se matricular. Nas escolas de tempo integral, por exemplo, com 250 estudantes, só tem equipamento para no máximo 10 ou 15 alunos, por ano.

Como se não bastasse este drama que prejudica sobretudo aqueles estudantes que pretendem cursar faculdades de Engenharia, Matemática, Física, Ciência da Computação, entre outras da área de Ciências Exatas, os equipamentos disponíveis são de 2015 e 2016, portanto, os softwares estão superados. A memória cibernética também. Os computadores, os poucos que funcionam, precisam de manutenção há mais de dois anos.

As salas-laboratórios são antigas, algumas parecem depósitos de mobília velha e a climatização também é improvisada ou precária. Os diretores das escolas anualmente fazem requisições à Secretaria Estadual de Educação de novos equipamentos, pedem manutenção, professores especializados e investimentos. Raramente são atendidos. Eles reclamam da falta de comprometimento da secretaria.

IMPROVISO

Os professores de Robótica geralmente são de outras disciplinas. Para não deixarem os alunos sem aula, se dispõem a aprenderem a tecnologia junto com os estudantes. A maioria costuma investir do próprio bolso na aquisição de equipamentos e de software para melhorar o desempenho das aulas práticas. Nas escolas de nível fundamental, alunos da oitava e nona série, como Carlos Alberto dos Santos, 9º ano do Colégio D. Pedro II, no Cepa, defende que os colegas dos dois últimos anos do fundamental deveriam ter oportunidade de estudar Iniciação a Robótica.

“A disciplina é atraente. Muitos querem porque ajuda no nosso desenvolvimento para as outras disciplinas. Infelizmente, Robótica só tem no ensino médio e em algumas escolas”, lamentou o estudante, que pretende fazer faculdade de Mecatrônica (ramo da engenharia de sistemas automatizados). Rafael da Silva e Roberto Novaes, ambos do mesmo colégio, ao serem questionados se tinham aulas de Robótica, eles responderam com indagação: “quem é que não quer estudar Robótica na escola pública? Mas a gente é do ensino fundamental, ainda não tem esse direito”. Eles sabem também que no ensino médio precisarão de sorte para se matricular na disciplina. “Não tem equipamentos para todos. Os kits de Robótica disponíveis estão superados e faltam até professores”, lamentou Roberto Novaes.

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