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Escândalos do governo

ESCÂNDALOS NO GOVERNO: RENAN FILHO MANTÉM ‘TÁTICA DO AVESTRUZ

Governador e secretariado estadual insistem na prática de ‘dar de ombros’ para série de denúncias

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Mais de dois meses após começarem a pipocar os escândalos que envolvem o governo do Estado, o governador Renan Filho (MDB) e os secretários dos órgãos alvos das denúncias continuam num silêncio sepulcral. A Gazeta encaminhou perguntas e abriu espaço para explicações, mas nenhum deles, até agora, procuraram (ou pelo menos tentaram) se defender. Todos ficam mudos quando se trata de responder às denúncias.

Pelos bastidores do poder, há uma informação corrente que certamente auxiliaria a desvendar o motivo do silêncio do governo. O marqueteiro do governador, Adriano Gehres, considerado o guru encarregado de zelar pela imagem tão logo pipocaram os primeiros escândalos, encarregou Renan Filho (dizem fontes ligadas ao Palácio) de adotar a “tática do avestruz”, que é a de esconder a cabeça no buraco quando se vê diante de um perigo. E pelo que se observa, Renan tem seguido à risca esse receituário: não entra em bola dividida, foge de assuntos polêmicos, ignora perguntas sobre as denúncias que envolvem sua gestão, com várias delas já convertidas em investigação oficial até por órgãos federais.

A orientação foi ainda mais ampla: pelo visto, nenhum secretário está autorizado a responder sobre temas polêmicos, a esclarecer perguntas formuladas pela imprensa. Em relação ao silêncio, pode-se dizer que os assessores estão devidamente afinados com o próprio governador Renan Filho, que deu péssimo exemplo no dia 5 de agosto deste ano, dentro do próprio Palácio, durante coletiva de imprensa sobre números da violência em Alagoas: ao ser questionado sobre problemas estruturais nos Centros Integrados de Segurança Pública (CISP) apontados pelo Sindicato dos Agentes da Polícia Civil de Alagoas (Sindpol) e publicados pela Gazeta ao longo das semanas anteriores, Sua Excelência não só se negou a responder, como atacou verbalmente o jornalista Arnaldo Ferreira, com 40 anos de profissão e respeitado no País inteiro pela credibilidade de suas matérias.

A falta de explicações dos gestores de Renan Filho tem sido uma tônica a cada escândalo denunciado. Foi assim com a secretária de Esporte, Lazer e Juventude (Selaj), Claudia Petuba, após a revelação, com base em informações do próprio Portal da Transparência do governo, de que a pasta devolveu à União, por falta de eficiência na gestão, mais de R$ 2,5 milhões à Brasília (DF) referentes a recursos destinados a programas voltados ao esporte alagoano, uma das áreas mais carentes de investimentos em todos os aspectos.

Foi assim também com o vice-governador e secretário da Educação, Luciano Barbosa, em mais um caso de devolução de dinheiro federal. Em 14 de setembro último, após consultar o Portal da Transparência e confirmar os números junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a Gazeta denunciou que a má gestão do principal pupilo político de Renan Filho deixou escapar, após vinte meses de governo, nada menos que R$ 18,2 milhões disponibilizados pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que em seu governo socorreu o Estado para a reconstrução de escolas atingidas pelas enchentes e formação continuada de professores.

Para a professora Maria Consuelo, que preside o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), maior entidade sindical do estado, incomoda saber que a incompetência venceu a necessidade.

“A devolução de recursos, em um estado onde a população ainda não tem pleno acesso à educação de qualidade, é imperdoável. Demonstra a ausência de prioridade com a qual a educação do filho da classe trabalhadora é tratada no Estado. Existe uma cobrança absurda direcionada aos trabalhadores da educação, que fazem o que podem para oferecer a melhor educação possível ao povo alagoano. Enquanto isso, a gestão se mostra incapaz de sequer aplicar os recursos destinados à melhoria das condições do setor”, analisou Consuelo.

Não bastasse a devolução de verbas federais, o governo do Estado já abriu mão de R$ 253 milhões em recursos federais disponibilizados por diversos ministérios, entre eles o do Turismo, Esporte, Saúde e Transportes. Apesar do esforço da bancada federal alagoana na captação das verbas em Brasília, algumas ainda em 2017, o governo do Estado não acessa esse dinheiro por diversos motivos, mas o mais gritante deles é a total falta de planejamento na elaboração dos projetos. E não presta contas aos parlamentares nem à população. Como se nada tivesse acontecido.

O mais grave é que as devoluções ou não utilização de recursos ocorrem em meio ao governo do presidente Jair Bolsonaro, que não tem a mínima afinidade política com o governador Renan Filho, e podem criar alguns entraves no futuro. Isto porque podem passar a mensagem de que para Alagoas não precisam ser enviados mais recursos federais.

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