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Nº 5856
Política

PSL SEGUE COM DISPUTAS INTERNAS E ATAQUES ENTRE SEUS DIRIGENTES

Em Alagoas, presidente do partido diz que a legenda busca clima de paz para tocar sua agenda

Por Marcelo Amorim | Edição do dia 19/10/2019 - Matéria atualizada em 19/10/2019 às 06h00

/Bolsonaro teve áudios vazados em que ele articulava a troca da liderança do partido na Câmara
/Delegado Waldir conseguiu se manter na liderança do PSL na Câmara após ‘sabotagem’ de Bolsonaro

Como resultado das últimas eleições gerais, o PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro, e presidido em Alagoas pelo policial federal Flávio Moreno passou de uma legenda nanica para uma das maiores do Brasil. Passados 10 meses no poder, representantes da sigla travam disputas internas que envergonham quem pensa se tratar de uma agremiação que prega paz e união. Esses últimos dias surgiram declarações entre eles que incluem até o adjetivo de “vagabundo” contra o presidente. Em Alagoas, a ala bolsonarista quer porque quer dominar todo o território e afirma que “aqui está tudo de vento em popa”. Se tomar Arapiraca como exemplo, a pretensão da direção local e estadual, todos posicionados como fiéis escudeiros do presidente da República, já tornada pública, é retirar da disputa das eleições municipais do ano que vem os dois vereadores eleitos pelo partido, representantes da legenda muito antes de Bolsonaro ter pensado em entrar na sigla para disputar e vencer a presidência. Em decisão já anunciada pelo presidente do diretório municipal de Arapiraca, Abelardo Silva, em concordância com Flávio Moreno, eles pretendem retirar da disputa pelo partido os vereadores Edvânio do Zé Baixinho e Márcio Marques, este último suplente no exercício do mandato na vaga aberta com a saída da vereadora Graça Lisboa (PDT), que assumiu a Secretaria Municipal de Articulação Institucional. “Estamos resolvendo [a situação em Arapiraca]. Temos até 4 de abril de 2020 para pré-montagem de chapas com pré-candidatos a prefeito e vereadores. E até as convenções em julho e agosto para decidir. Não podemos criar cisão desnecessária. Na hora certa, saberemos quem são os candidatos a prefeito e vereadores”, assegurou Flávio Moreno. Ao tomar conhecimento do anúncio feito por Abelardo Silva, o vereador Edvânio do Zé Baixinho foi enfático sobre o que pensa da situação, inclusive de que pretende sair candidato pelo mesmo PSL que se elegeu há quatro anos. “A Lei Eleitoral dá o direito de concorrer à reeleição pelo mesmo partido. O Estatuto do PSL reza isso ai, me dando o direito de disputar nova eleição. Naturalmente, o partido que tem vereadores eleitos com mandato, tem por obrigação assegurar a candidatura. Admiro a radicalidade do presidente [Abelardo Silva]. Ele não respeita o Estatuto e nem quer o crescimento do partido. Não tiro o direito nem a razão de dizer que não aceita representantes com mandatos de outras siglas, mas do próprio PSL isso é infantilidade ou mesmo falta de patriotismo”, declarou Edvânio na ocasião. Em meio as baixarias protagonizadas por parlamentares da legenda em Brasília, que incluíram palavras como “vagabundo”, proferida pelo líder do partido na Câmara, Delegado Valdir (PSL-GO) e declarações como “ele [o presidente Bolsonaro] só procura a gente quando quer f… com a gente”, ditas pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Casa, Felipe Francischini (PSL-PR), Flávio Moreno assegurou pregar a paz para a legenda. “Queremos que exista harmonia da Direção Nacional do PSL e o Presidente Bolsonaro, seus filhos e parlamentares, que eles se entendam. O PSL é o partido que garante 100% de apoio nas votações no Congresso e de apoio e defesa nos Estados. O partido que abriu as portas para o presidente, governadores e parlamentares eleitos. O próprio Bolsonaro reconhece isso. Já disse que até marido e mulher brigam e depois fazem às pazes. Sem união, não seriam eleitos. É preciso ajuste partidário, sim. Todos partidos precisam. O partido cresceu demais, é normal existir disputas por liderança”, pontuou o presidente estadual. Moreno faz referência às disputas por poder dentro da própria legenda, que incluem o controle do fundo partidário, que conta com recursos públicos em jogo no valor de aproximadamente R$ 110 milhões. O outro grupo é formado pela ala que apoia o presidente nacional da legenda, o deputado federal por Pernambuco, Luciano Bivar, cujo o próprio presidente da República foi o primeiro a expô-lo, chamando-o de “queimado” e insinuando haver irregularidades no uso das verbas públicas de campanha. Neste mesmo campo seguem as investigações do “laranjal do PSL”, supostos candidatos utilizados para desviar recursos públicos no fundo nas eleições do ano passado e que envolvem entre os acusados o ministro do Turismo e deputado federal por Minas Gerais, Álvaro Antônio. Há até mesmo suspeitas sobre a eleição do filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, parlamentar eleito pelo Rio de Janeiro e que o Bolsonaro queria que passasse a ser o líder do partido na Câmara, o que resultou numa crise ainda maior na legenda com acusações entre os grupos em disputa. “Teve um áudio do presidente da República cooptando deputados, falando em fundo partidário e dos cargos do PSL. É esse áudio ao qual eu me referia, que não foi divulgado integralmente. É a interferência pessoal do presidente da República. Ele fez isso, e depois com ministros, interferindo no parlamento. A Constituição é muito clara, fala da independência dos poderes. Usaram o Palácio e ministérios para tentar colocar o filho do presidente como líder do PSL. Isso é uma questão gravíssima”, considerou o Delegado Valdir em meio as brigas públicas entre si. “Como todo partido, o PSL precisa de ajustes necessários. Disputas existem em todos partidos no mundo e governos democráticos. Se existir algum desvio de conduta, será apurado pelas autoridades cabíveis e tendo culpado, responsabilizado”, ponderou Flávio Moreno, que informou seguir por Alagoas à formação e busca de novos e mais representantes da legenda com vistas às eleições municipais do ano que vem.

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