obra emperrada
PROJETO DIVIDE A POPULAÇÃO DE MARAGOGI
Município é destaque entre as cidades que não têm aeroporto apesar do grande fluxo de turistas

Os 300 bugueiros da cidade, os 100 guias de turismo, os empresários do turismo têm opiniões divididos a respeito do aeroporto. A maioria acha que o projeto faz parte de promessas dos políticos para ganhar votos no período eleitoral e não acredita que sairá tão cedo do papel. “O projeto é semelhante a série Manifest. Decolou, mas ninguém sabe onde foi parar ou quando vai aterrizar”, fez a analogia um empresário do ramo de bar e restaurante que prefere não se identificar. Os hoteleiros consideram o projeto viável para atender Maragogi e municípios vizinhos. A maioria observa, porém, que a construção do empreendimento implicará em outros investimentos fortes em prestação de serviços públicos, melhorias nas estradas, na segurança e na melhoria da qualidade dos pontos receptivos privados. Consideram que se o aeroporto sair realmente do papel, reduzirá sensivelmente o desemprego na região. A maioria dos 300 bugueiros ligados as duas associações consideram que cabe um aeroporto na região. “Há mais de uma década que Maragogi espera a construção deste empreendimento. Nós temos demandas de turistas brasileiros e estrangeiros que chegam pelos aeroportos do Nordeste. Esse equipamento [o aeroporto] melhoraria o acesso a Maragogi”, avaliou o bugueiro Ednaldo da Silva Santos. Só o projeto está orçado em mais de R$ 3 milhões. O ministro dos Transportes, Portos e Aviação, Valter Casimiro, e o governo de Alagoas assinaram o Termo de Compromisso (TC) para a elaboração do projeto básico do aeroporto regional de Maragogi, no valor de R$ 3,2 milhões. Na ocasião, também foi assinado o protocolo de intenções para a construção do novo aeródromo de Arapiraca. Os investimentos juntos passam de R$ 120 milhões. “Os aeroportos de Maragogi e de Arapiraca são convênios que fechamos com o Estado para que ele possa fazê-los”, disse o ministro. Aeroporto de Maragogi, no Litoral Norte do Estado, tem por objetivo consolidar a cidade como um dos principais polos turísticos da região Nordeste e do Brasil. O município tem a segunda maior rede hoteleira do Estado, atrás apenas de Maceió. O ministério traz o convênio que autoriza o Estado a licitar a obra e a receber os recursos para fazer o aeroporto de Maragogi. O município é destaque entre as cidades que não têm aeroporto apesar do grande fluxo de turistas. O governo de Alagoas se comprometeu na liberação do terreno e a elaboração dos projetos sem comunicar nada a prefeitura. O valor do investimento é de cerca de R$ 120 milhões. Os recursos serão liberados conforme a execução das etapas previstas no Plano de Trabalho.
PERNAMBUCO
A construção do Aeroporto Regional de Maragogi, como de muitas outras obras que ajudariam o turismo alagoano, foi anunciada ainda no início dos anos 2000. A histórica da construção do aeroporto foi da época da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Pernambuco, na primeira gestão do governo de Jarbas Vasconcelos (PE). O governador comandava uma agressiva plataforma de projetos importantes e estruturadores, como a ampliação do Porto de Suape e a política de captação de investimentos, como a do aeroporto Costa Dourada. Ele [o aeroporto] seria edificado em território pernambucano, em Ipojuca ou São José da Coroa Grande, próximo da divisa entre os dois estados, para beneficiar também o norte de Alagoas. Os obstáculos e a burocracia foram intransponíveis. Empresários e políticos explicavam que os governos de Alagoas e Pernambuco tomaram uma decisão equivocada. O antigo projeto visava construir o aeroporto exatamente na divisa entre os dois estados. Mas os problemas de licença ambiental de dois institutos do Meio Ambiente dificultaram a materialização do projeto. Além disso, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) dos dois estados causaram diversas dificuldades, porque na hora dos recursos tinha que separar os dois. Isto sem contar com as despesas de desapropriações. O projeto morreu antes de nascer. Em 2004, ele voltou com força. A Prefeitura de Maragogi e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) viabilizaram o terreno para a construção do empreendimento. A área escolhida foi do Sítio Junco, no Distrito de Peroba.