INVESTIMENTO NÃO DECOLA
Deputados criticam investimentos de R$ 80 milhões em aeroporto 'misterioso'
Projeto para implantação de estrutura em Maragogi está emperrado e atrasa duplicação da rodovia AL-101 Norte

Deputados criticam investimentos de R$ 80 milhões no sonhado aeroporto “Costa Dourada”, em Maragogi. Apesar de não ter um local definido, o empreendimento receberá investimentos de R$ 80 milhões, conforme promessa do governador Renan Filho (MDB) para os empresários do turismo. Este tipo de promessa não é nova e vem sendo feita desde 2014, na campanha eleitoral para o governo do estado. Os parlamentares, empresários e o prefeito da região, Fernando Sérgio Lira (PP), não são contra o empreendimento. Mas avaliam que a região norte tem outras prioridades como o saneamento básico, ampliação da rede de abastecimento de fornecimento e abastecimento de água, duplicação dos 128 quilômetros da AL-101 Norte, investimento na segurança pública e em outros setores vitais.
A desconfiança é que esta seja mais uma promessa do Executivo estadual para acalmar setores políticos e da classe empresarial do próprio município.
Um dos poucos que rebate as críticas da oposição na Assembleia Legislativa Estadual (ALE) e de empresários é o líder do governo no parlamento, deputado Sílvio Camelo (PV). Recentemente, ele participou de uma reunião com o governador, representantes do trade turístico e assegurou que o projeto do aeroporto de Maragogi “sairá do papel, sim”. Porém, não soube precisar quando.
Segundo o governista, “entre as metas do governo estão as construções de cinco hospitais, um deles o Hospital da Mulher, que já foi entregue à população, Unidades de Pronto Atendimento (Upas), novas rodovias e o aeroporto de Maragogi”. O deputado lembrou que o aeroporto é uma reivindicação antiga do trade turístico e uma necessidade do município. “Maragogi tem o mesmo fluxo de turismo de Jericoacoara [município do Ceará que recebe turistas de diversas partes, a maioria europeus], por isso é necessário o aeroporto na região”, defendeu.
O deputado está convencido que Maragogi é um dos maiores destinos do turismo internacional, como ocorre inclusive com Jericoacoara. “O novo aeroporto facilitará a acessibilidade para a nossa região norte”.

PREFEITO DESCONHECE GASTO MILIONÁRIO
O prefeito de Maragogi, Fernando Sérgio Lira Neto, em entrevista exclusiva à Gazeta e à Gazetaweb disse desconhecer os detalhes do investimento milionário. Ele não sabe nem onde será o novo aeroporto. O prefeito destacou que o município tem 26 mil habitantes e precisa ver concretizado outros investimentos prioritários em infraestrutura, como a duplicação da AL-101 Norte, por exemplo, que facilitaria o acesso de turistas e da população com segurança à região.
O prefeito não se mostra contra o projeto do aeroporto. “Se o governo quer fazer não vejo nada demais”. Lamentou, porém, não ter sido informado e nem consultado de nada até o momento. “Oficialmente, desconheço o projeto do aeroporto. Tudo o que sei é pela mídia. Gostaria inclusive de ajudar, fornecendo a indicação de algumas áreas para implantação do projeto”.
Existem seis áreas entre os municípios de Maragogi e Japaratinga já identificadas por autoridades federais que seriam adequadas para a construção do empreendimento. O prefeito Sérgio Lira está disposto a desapropriar uma dessas áreas para fortalecer o empreendimento do governo estadual.
O líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Sílvio Camelo, prefere não entrar na polêmica entre o governo do Estado, que planeja construir um aeroporto em Maragogi sem comunicar nada aos gestores municipais. Nem demonstrou ficar ao lado do prefeito que quer ser ouvido e gostaria de conhecer o projeto.
“O que eu sei a respeito deste projeto é que ele será licitado brevemente”, disse o deputado Sílvio Camelo ao acrescentar que o projeto está orçado em cerca de R$ 80 milhões. Com relação ao local e mais detalhes do projeto, ele também desconhece. “Haverá duas licitações diferentes para o aeroporto: uma para a construção da pista de pouso e decolagem, e outra é para a estrutura de embarque e desembarque de passageiros”, frisou.