crime ambiental
MOURÃO ANUNCIA REFORÇO DO EXÉRCITO PARA CONTER ÓLEO
Cerca de 5 mil homens da 10ª Brigada, no Recife (PE), serão acionados para combater as manchas

Brasília, DF - O presidente interino, Hamilton Mourão, afirmou que o Exército reforçará com cerca de 5 mil homens o combate às manchas de petróleo nas praias do Nordeste. “Hoje o Exército está colocando uma brigada, a 10ª Brigada, que é a sediada em Recife, que tem entre 4 mil, 5 mil homens está sendo colocada em reforço. Fora equipamentos que estão sendo distribuídos à Defesa Civil dos estados e municípios”, afirmou Mourão a jornalistas depois de reunião no Ministério da Defesa sobre o vazamento. Ele disse não saber quais equipamentos serão disponibilizados. A 10ª Brigada de Infantaria Motorizada é sediada no Recife (PE) e deve atuar em toda a região atingida na limpeza das praias. Segundo a Defesa, a retirada do óleo estava sendo realizada pela Marinha e a Aeronáutica. É a primeira Brigada do Exército a ser deslocada para atuar no caso. Mourão negou que haja omissão por parte do governo federal e disse que todos os planos de controle foram postos em ação. “As medidas todas estão sendo tomadas e nós acreditamos que em mais algum tempo vai cessar essa chegada de óleo até as nossas praias”, disse. Segundo o Ibama, 200 locais de pelo menos 77 municípios em nove estados já foram atingidos pelas manchas de óleo. Nesta terça-feira, o ministro da Defesa, Fernando Azevedo, viajará para a região para conversar com governadores, segundo Mourão. Ontem, o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, se encontrou com o governador da Bahia, Rui Costa (PT). Mourão também afirmou não ter expectativa de quando o óleo parará de chegar às praias brasileiras. “Não temos. Esse óleo que chegou agora em Pernambuco é uma segunda vaga de assalto. Já houve a primeira vaga de assalto. Essa pode ter ficado para trás na hora que foi lançado no mar”, disse. O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), afirmou na manhã de ontem que o governo federal trata no improviso o vazamento de óleo que já atingiu 201 localidades nos nove estados do litoral nordestino. “É o maior acidente ambiental da história do Brasil e não pode ser tratado, depois de 50 dias, da forma improvisada como a gente está vendo nos dias de hoje”, declarou. Paulo Câmara disse esperar que, após determinação da Justiça Federal em Pernambuco, o governo Jair Bolsonaro ponha em funcionamento o Plano Nacional de Contingenciamento para Incidentes de Poluição por Óleo. "O plano de contingência não foi colocado em funcionamento. A gente, diante da decisão da Justiça, espera que isso ocorra. É fundamental que o plano funcione", destacou o governador. Câmara fez ainda um clamor para que o governo federal tenha um trabalho mais focado com o objetivo de que as manchas sejam contidas ainda na água. "É fundamental que tenha uma força-tarefa para que todos os equipamentos disponíveis do Exército, Marinha e Aeronáutica sejam colocados à disposição para tratar desta questão." A cobrança do governador foi feita logo após participação em um evento, no município de Paulista, no Grande Recife, ao lado do ministro da Justiça, Sergio Moro, para detalhamento do programa Em Frente Brasil. Durante coletiva, ao ser questionado pela imprensa sobre a ausência de ações do governo federal, Moro, inicialmente, se negou a responder. "A coletiva aqui é para tratar sobre o Em Frente Brasil", disse. Momentos depois, declarou que o governo federal tem trabalhado e feito a sua parte. Comunicou também que a investigação estava em curso e que, assim que houver um diagnóstico, será divulgado. As manchas de óleo que atingem o litoral nordestino desde o dia 30 de agosto voltaram com força a Pernambuco e Alagoas desde a quarta-feira (16) da semana passada. Na quinta-feira (17), o governo de Pernambuco conseguiu capturar uma tonelada de óleo, em São José da Coroa Grande, litoral sul do estado, antes de chegar à areia da praia. Na sexta-feira (18), a praia dos Carneiros, joia do litoral pernambucano, amanheceu coberta por óleo. Um mutirão, que envolveu mais de 500 pessoas, incluindo donos de pousadas, pescadores e servidores do estado e da prefeitura, removeu o material. No fim de semana, a mancha avançou ainda mais e as praias de Serrambi, Toquinho, Cupe, Muro Alto, em Ipojuca, e Itapuama e Suape, no Cabo de Santo Agostinho, acabaram afetadas pelo petróleo.