Alagoas teve uma redução da área de produção vegetal e um aumento do uso de agrotóxicos entre os anos de 2006 e 2017. Pelo menos é o que aponta o Censo Agropecuário, divulgado na sexta-feira (25), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As informações, coletadas nos estabelecimentos rurais do Estado, também mostram um aumento da pecuária e uma queda na produção de cana-de-açúcar. De acordo com o chefe da Unidade Estadual do IBGE em Alagoas, Alcides Tenório Júnior, em 2006, 90% da produção rural do Estado era dedicada à produção vegetal. Em 2017, esse percentual caiu para 66%. Em contrapartida, a produção animal – que abrange bichos de grande e pequeno porte, como gado, galinhas, ovinos, suínos etc - ganhou relevância, passando de 10% para cerca de 34% nesse espaço de tempo. “Tivemos uma redução significativa da plantação de cana e isso ajuda a explicar o porque de termos uma redução da produção vegetal”, conta Alcides Tenório. Do total de estabelecimentos rurais, 83% estão vinculados à agricultura familiar, o que representa 27% do valor da produção bruta de Alagoas. Um ponto relevante apontado pelo Censo Agropecuário é o de que as grandes propriedades do Estado representam somente 0,5% do total de estabelecimentos, mas ocupam uma área de 42% do total existente. Já as pequenas propriedades representam cerca de 97,5% do total e ocupam uma área semelhante à dos grandes estabelecimentos.

RISCOS

O uso de agrotóxicos também foi ressaltado na pesquisa divulgada pelo IBGE. Segundo Alcides Tenório, foi verificada a ampliação do uso de agrotóxicos entre os anos de 2006 e 2017. “Esse é um movimento nacional e que também tem refletido em Alagoas. Podemos dizer que o uso desses produtos aumentou de 20% em 2006 para 30% em 2017”, afirma Alcides Tenório. O representante do IBGE em Alagoas também destacou, durante entrevista, que 90% dos produtores, que declararam utilizar agrotóxicos em suas lavouras, também alegaram não ter recebido orientação técnica para aplicação do produto nas plantações. “Verificamos que boa parte dos produtores estão usando agrotóxicos sem conhecimento para tal”, ressaltou. De acordo com o Censo, Alagoas contava, em 2017, com 326.913 pessoas trabalhando nos 98.542 estabelecimentos rurais do estado. A maioria dos produtores, um total de 77% (75.416 propriedades), eram do sexo masculino. Já as trabalhadoras mulheres representavam 23% do total (22.946 estabelecimentos). A maioria deles têm entre 35 e menos de 65 anos. Entre o pessoal ocupado, 69% (225.604 pessoas) tinham algum parentesco com o produtor rural. Outros 31% (101.309 pessoas) não tinham nenhum vínculo familiar com o produtor.