TSE JULGA CRIAÇÃO DE PARTIDO QUE RECEBEU 15 MIL ASSINATURAS EM AL
Unidade Popular (UP) tem orientação marxista e é mais uma legenda para fazer frente contra a direita
Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 30/10/2019 - Matéria atualizada em 30/10/2019 às 06h00
Enquanto só enxerga o PT como adversário político, o presidente Jair Bolsonaro nem imagina que está prestes a enfrentar mais um partido de oposição nas próximas eleições. Trata-se da Unidade Popular (UP), de orientação marxista, que pode ter seu registro confirmado na audiência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na sessão da próxima quinta-feira. Oficialmente a UP nasceu em 2016, mas de lá até 1° de agosto, quando protocolou o pedido de registro, foram centenas de atos, passeatas, mobilizações estudantis e de trabalhadores, pelo menos duas greves gerais, até que conquistasse as 492 mil assinaturas em 17 estados. Em Alagoas, os militantes mais conhecidos usam as redes sociais para convocar os engajados e simpatizantes que cooperaram com a campanha da conquista de assinaturas. A funcionária pública e jornalista Lenilda Lula é uma das que estarão atentas ao julgamento no pleno do TSE. “A luta não acaba, mas seguimos adiante sabendo que, contando apenas com nossos esforços e recursos limitados, conseguimos o que muitos partidos de poderosos não conseguiram”, escreveu Lenilda em sua rede social. O dirigente da futura legenda, o filósofo e professor Magno Francisco, também usou as redes sociais para manifestar seu apoio e alertar a militância no Estado. Ex-candidato a vice-prefeito pelo PSOL, com cara própria poderá ser um dos nomes lançados nas próximas eleições. “Depois de mais de dois anos de muito trabalho duro, 1,2 milhão de fichas coletadas com muito suor e pouco dinheiro, finalmente o registro da UP será julgado no TSE. Em Alagoas foram coletadas mais de 15 mil assinaturas, nos bairros, terminais, feiras, faculdades e no Centro da cidade. O alagoano, tal como o brasileiro, está carente de uma alternativa popular no campo da esquerda”, destacou Magno em sua rede social. Mesmo sem existir como partido legalizado, na prática já tinha uma atividade sindical e no movimento estudantil alagoano. Em outros estados, a exemplo de Minas Gerais, a UP tem uma ação firme no Movimento dos Sem Teto. Em todo o país, UP já militava em causas sociais por meio de algumas organizações sempre na base do movimento social brasileiro. Com esse perfil, quando iniciar as tratativas de articulação para o pleito de 2020, a UP deverá se aliar e formar frente com os partidos de seu campo marxista. Ainda assim, há quem defenda que saia só para dar ainda mais visibilidade à nova legenda. Na audiência desta quinta-feira, o processo já teve início com o voto/parecer favorável do ministro Jorge Mussi, que reconheceu que o partido cumpriu todas as exigências da legislação. Seu voto foi seguido pelo colega Edson Fachin, até que o ministro Tarcisio Vieira de Carvalho Neto pediu vistas na semana passada.