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Caso Marielle Franco

PORTEIRO DEU INFORMAÇÃO FALSA AO CITAR BOLSONARO, DIZ MP DO RIO

Segundo promotora, funcionário pode ser processado por falso testemunho se comprovada a mentira

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Rio de Janeiro, RJ - A promotora Simone Sibilio, do Ministério Público do Rio de Janeiro, afirmou em entrevista a jornalistas na tarde de ontem que o porteiro que cita Jair Bolsonaro em seu depoimento deu uma informação falsa. Inicialmente, ela afirmou que o funcionário mentira. Em seguida, declarou que o depoimento “não guarda compatibilidade com a prova técnica”. “O porquê do porteiro ter dado depoimento será investigado. Se ele mentiu, se equivocou ou esqueceu”, disse Sibilio. Reportagem do Jornal Nacional de terça-feira (29) teve como base depoimento de um porteiro do condomínio onde o presidente tem casa no Rio de Janeiro. Segundo a TV Globo, o funcionário disse que, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco, o ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de envolvimento na morte, disse na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal. Segundo o depoimento do porteiro apresentado pela emissora, o suspeito pediu para ir à casa de Bolsonaro e um homem com a mesma voz do presidente teria atendido o interfone e autorizado a entrada. O acusado, no entanto, teria ido em outra casa dentro do condomínio. A promotora afirmou ontem que a investigação teve acesso à planilha da portaria do condomínio e às gravações do interfone e que restou comprovado que o porteiro interfonou para a casa 65 e que a entrada de Élcio foi autorizada por Ronnie Lessa, com quem se encontrou. O MP disse que o porteiro pode ter anotado que Élcio foi para a casa de Bolsonaro por vários motivos e que eles serão apurados. “Todas as pessoas que prestam falso testemunho podem ser processadas”, disse a promotora. Questionada em seguida, a promotora disse que o porteiro pode ter se equivocado. Reiterou que o depoimento dele não bate com a prova técnica, que comprovou que é a voz de Ronnie Lessa que autoriza a entrada de Élcio Queiroz às 17h07. Ainda ontem, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, publicou vídeo, segundo ele gravado na administração do condomínio, no qual apresenta dados conflitantes com os apresentados pela TV Globo. Por volta das 17h de 14 de março de 2018, dia do assassinato de Marielle, foi feita uma solicitação de entrada, por uma pessoa de nome Élcio, mas para a casa de Ronnie Lessa, e não para a de Bolsonaro. No vídeo, Carlos reproduz a ligação registrada às 17h13. O porteiro anuncia a chegada do “senhor Élcio”. A voz do outro lado, diferente da de Jair Bolsonaro, responde: “Tá, pode liberar aí”. De acordo com o Ministério Público, a planilha de entrada no condomínio não foi apreendida no dia da prisão de Lessa e Queiroz, em março. A promotora Carmen Carvalho afirmou que a polícia não recolheu o material porque não havia registro de entrada para a casa 65. “A busca era direcionada ao Lessa e não havia entrada para a casa 65 [na planilha]”, disse Carvalho. A promotora Simone Sibilio afirmou que a polícia não sabia em março que havia um sistema de gravações entre a portaria e os moradores. “Gravação não é comum. Nem moradores sabiam que existia”, disse. A planilha só se tornou alvo da investigação em outubro, quando peritos conseguiram acessar dados do celular de Lessa. O aparelho foi apreendido em março, no dia da prisão, mas estava bloqueado por senhas. Ao conseguir desbloquear o celular, os investigadores notaram que a mulher de Lessa enviou, em janeiro, para o marido, uma foto da planilha de entrada do condomínio, que indicava acesso à casa 58. O envio foi feito em 22 de janeiro, dois dias antes de Lessa e Queiroz serem ouvidos na Delegacia de Homicídios sobre o assassinato - na ocasião, eles estavam soltos, ainda sob investigação. Com base nesse indício, a polícia realizou a busca e apreensão dos documentos no início deste mês. Ao chegar ao local, o síndico do Vivendas da Barra informou que havia também gravações que registravam diálogos entre a portaria e os moradores. A promotora Letícia Emily afirmou que foram apreendidas gravações de janeiro a março. Ela afirma que todo o material foi submetido à perícia no Ministério Público, que atestou não ter ocorrido adulteração na prova. Emily disse ainda que, de acordo com as investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro, não há provas concretas de que o ex-deputado Domingos Brazão seja o mandante do assassinato de Marielle, nem o responsável por obstruir as investigações.

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