RENAN FILHO DERRUBA PRODUÇÃO AGRÍCOLA A ÍNDICES DOS ANOS 70
IBGE confirma abandono da agricultura familiar, queda radical na produção vegetal e aumentos do desmatamento e desemprego
Por arnaldo ferreira | Edição do dia 02/11/2019 - Matéria atualizada em 02/11/2019 às 06h00
O orçamento do governo de Alagoas para 2020, que tramita na Assembleia Legislativa Estadual (ALE), prevê gastos de R$ 10,8 bilhões, quase R$ 2 bi a menos do que foi aplicado este ano. Para se adequar ao novo orçamento, os cortes que o governo Renan Filho (MDB) promoveu atingiram em cheio setores fundamentais e essenciais para conter a crise social do desemprego no campo. Um dos exemplos acontece na Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri). Este ano, a pasta teve R$ 115,5 milhões. No próximo ano, os agricultores, que estão sem assistência técnica, sem sementes e sem projetos, terão de se conformar com a redução de quase 50% do orçamento, que não passará de R$ 68, 8 milhões. A situação de baixo investimento na agricultura foi constatada também no Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Curiosamente, o IBGE divulgou o resultado do Censo Agropecuário de 2017. Os números oficiais de Alagoas confirmam que a produção agrícola caiu tanto que chegou a patamares do que era produzido nos anos de 1970. O principal produto da agricultura alagoana - a cana- de- açúcar -, a produção que era de 34.268.175 toneladas em 2006 caiu para 13.625.617 toneladas, ou seja, quase a mesma quantidade produzida em 1975, quando o estado colheu 11.554.71 toneladas, de acordo com o censo histórico do IBGE. A agricultura familiar deve permanecer desassistida, como sinalizam os números do IBGE, porque o governo do estado destinará para aquisição de produtos para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) em 2020 apenas R$ 1 mil. Deputados confirmam redução de 50% do orçamento da Agricultura De acordo com o orçamento do estado previsto para o próximo ano, a Secretaria de Agricultura terá redução de quase 50% dos recursos, revelaram a maioria dos 27 deputados que não gostou nada da proposta do Executivo. Quase todos os parlamentares são agropecuaristas. A maioria promete modificar o orçamento do governo para corrigir as distorções. O presidente da Comissão de Orçamento da Casa, deputado Inácio de Loiola (PDT), por ser agrônomo, foi um dos primeiros a perceber que os R$ 68,8 milhões são insuficientes para fomentar as políticas de agricultura do estado no próximo ano. O orçamento proposto é inferior ao destinado no último ano do governo de Teotônio Vilela Filho (PSDB), em 2014, quando foram aplicados R$ 75.927.714,00 no setor. O presidente da Comissão de Orçamento da ALE acredita que os deputados modificarão a proposta. “Este orçamento pode ser reparado pelo Poder Legislativo. Cada deputado tem competência para apresentar emendas, deslocando dinheiro público de uma pasta para outra”. Loiola avalia que a Secretaria de Agricultura do estado passa por um processo de degradação desde o governo de Guilherme Palmeira (1979-1982), o último governo que, segundo ele, valorizou a agricultura alagoana. Por ser próximo ao governador Renan Filho, ele fez críticas comedidas. O deputando entende, porém, que as principais atividades com potencialidades econômicas do estado são os setores agropecuário e o turismo. Por isso, decidiu que antes de colocar a proposta orçamentária do estado para votação vai procurar as Comissões Parlamentares de Agricultura, Constituição e Justiça (CCJ) e a maioria dos 27 deputados com o objetivo de reparar a proposta do Executivo. O deputado tem razão quando fala do desmonte da pasta da agricultura. Só no governo Renan Filho, já passaram cinco secretários. A maioria ligado a partidos políticos. Mesmo assim, o presidente da Comissão de Orçamento da Assembleia Legislativa entende que a agricultura é prioridade do governo. “Alagoas oferece todas as condições edafoclimáticas (boas condições de solo e clima) para ser um dos maiores produtores de alimentos. Temos também infraestrutura, principalmente na região do semiárido com o Canal do Sertão, que tem mais de 100 quilômetros construídos e com água do rio São Francisco”. Loiola ressaltou ainda que a agricultura é um dos setores que mais geram empregos no mundo. Por isso, defende a necessidade de estabelecer orçamento adequado para o estado desenvolver a política do setor. “Parte da bancada da Assembleia Legislativa é de técnicos do setor agrícola e agrônomos, entre eles: eu, o deputado Ivan Beltrão - PSD (presidente da Comissão de Agricultura do Legislativo) e o deputado Olavo Calheiros – MDB (tio do governador e irmão do senador Renan Calheiros). O parlamentar - tio do governador - é considerado como um dos maiores pecuaristas do município de Murici, terra natal da família Calheiros.