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Análise de conjuntura

ESTADO ESQUECE AGRICULTURA FAMILIAR E DIVERSIFICAÇÃO, QUE GERAM EMPREGOS

Ignorado pelo governo Renan Filho, relatório oficial traça o caminho para diversificar a produção agrícola

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Num estudo concentrado em mais de setenta páginas, uma equipe de técnicos da Secretaria da Agriculturas, Pecuária, Pesca e Aquicultura do Estado, sob a orientação do economista Cícero Péricles e do engenheiro agrônomo Reinaldo Falcão. Levantou dados acerca das culturas agrícolas em Alagoas. O documento oficial trata da diversificação agrícola nos 52 municípios do Leste do Estado, basicamente incluídos na região da monocultura canavieira, em declínio há alguns anos. Entregue ao governador Renan Filho em 2018, o estudo traça o mapa do caminho para implementar a substituição da matriz de produção agrícola, principalmente com mandioca, laranja, banana, abacaxi, hortaliças, coco, arroz, milho e soja. Foram quatro as sugestões apontadas pelo estudo para estimular o setor na geração de oportunidades, de divisas, de postos de trabalho e de barateamento dos gêneros de primeira necessidade. Desde um painel atualizado sobre diversificação por meio dos cartogramas, criação de modelos de acompanhamento a cada assentamento e “incubação” de novas associações e cooperativas, até um programa municipalizado de divulgação das experiências. De lá até agora, nada avançou e o esforço técnico esbarra na falta de vontade política para fazer acontecer algo de grande alcance socioeconômico. A Federação dos Trabalhadores da Agricultura de Alagoas-Fetag vem denunciando o descompromisso do governo com o Programa de Aquisição de Alimentos, a distribuição de sementes e a falta de efetiva gestão da água já disponível no Canal do Sertão, além de outra grande área irrigada, que é a barragem do Bálsamo, em Palmeira dos Índios. São investimentos milionários bancados com recursos federais, cujos projetos irrigados até hoje não saíram das gavetas do Estado para gerar riquezas e postos de trabalho. Há um exemplo marcante: o MIPAS-Modelo de Irrigação, Produção e Aprendizagens envolve cerca de duzentas famílias remanescentes das áreas ocupadas pela obra do Canal do Sertão. O projeto foi financiado pelo FIDA- Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola, pertencente à ONU. Objetivando criar conhecimentos técnicos sobre agricultura irrigada e manejo da terra em área sensível à salinização, o primeiro projeto de irrigação para agricultura familiar na área do Canal chegou a ser aprovado pelo Conselho do FECOEP. Os R$ 5 milhões garantidos não foram liberados para o empreendimento pioneiro, apesar de, em 2017, o governador Renan Filho ter ido a Delmiro Gouveia e anunciado o repasse de recursos para viabilização dos módulos de irrigação. O ato ficou na propaganda oficial e não saiu do papel. Em área de grande potencial para geração de emprego, ainda reverbera muito a declaração do ex-governador Ronaldo Lessa, que chegou a assumir por noventa dias a titularidade da Secretaria de Agricultura do Estado. Ao entregar em junho passado, Lessa disse que o Orçamento da Pasta é o mesmo de incríveis treze anos atrás. “As condições são precaríssimas. Acredito que, por meio da agricultura, é possível a geração e distribuição de renda”, complementou o ex-governador à época. E o futuro é nada alentador. Se, em 2015, o governo do Estado destinou R$ 91 milhões para Agricultura, Renan Filho propõe na LOA de 2020 apenas R$ 68 milhões para o segmento agrícola. O cenário, portanto, é desalentador, pois as prioridades orçamentárias do Palácio também arrocham drasticamente outras dotações, como recursos destinados à Emater e ao PAA- Programa de Aquisição de Alimentos da agricultura familiar, a fim de doar às entidades que atendam pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional.

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