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Nº 5859
Política

Motorista de Renan Filho intermediou recebimento de propina em hotel, diz PF

Ricardo Gomes, conforme as investigações, atua como assessor especial do governador; crime envolve repasses de R$ 3 milhões

Por Marcelo Amorim | Edição do dia 08/11/2019 - Matéria atualizada em 08/11/2019 às 06h00

/Foto usada pela PF para reconhecer motorista de Renan Filho como o responsável por intermediar a propina
/Casa de motorista na terra de Renan Filho foi alvo de busca e apreensão por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF)
/Investigação realizada pela Polícia Federal aponta ligação e vínculo entre Renan Filho e o homem que recebeu propina em hotel

O inquérito da Polícia Federal que resultou na Ação Cautelar 4427 no Supremo Tribunal Federal (STF) e que apura um complexo esquema de corrupção e pagamento de propina envolvendo Renan Filho (MDB) como um dos beneficiários confirmou que Ricardo Rocha, assessor especial e há anos homem de confiança do governador, foi intermediário de parte dos R$ 3 milhões que abasteceram a campanha eleitoral em Alagoas, no pleito de 2014. Ricardo Rocha, que atuou como motorista de Renan Filho em 2014, teria recebido a propina em Maceió e, também, na cidade do Recife (PE). Ricardo José Gomes da Rocha recebe salário de R$ 5.676,80 como assessor especial do governador, conforme Portal da Transparência. As informações foram obtidas pela Polícia Federal em depoimento de Durval Rodrigues da Costa, tomado em Brasília (DF), em 21 de maio. O depoente, que foi assessor do governo de Minas e do ex-deputado federal Aracely de Paula (PR-MG), afirma ser amigo, há duas décadas, do delator Ricardo Saud, executivo do grupo J&F. O executivo foi o responsável por revelar os beneficiários do fundo de R$ 40 milhões que alimentou com propina de diversas campanhas, inclusive de Renan Filho, segundo a Polícia Federal. No depoimento, Costa narra um encontro no Recife, sob orientação de Saud, com o publicitário condenado pela Lava Jato André Gustavo Vieira - que admitiu ter operado propinas para o ex-presidente da Petrobrás, Aldemir Bendine. E afirma que o publicitário ‘revelou que seria necessária a realização de várias viagens para entrega de valor em torno de R$ 4 milhões na cidade de Maceió. Tendo sido combinado que uma mala com R$ 600 mil seria sua primeira entrega em Maceió, antes de outras ações de repasses’. No depoimento, Durval Rodrigues da Costa apontou, em fotos apresentadas pelos investigadores, os rostos de homens de confiança de Renan Filho com quem teria feito contato para operacionalizar tais repasses. Inicialmente, ele apontou Ricardo Santa Ritta como sendo um dos responsáveis por receber o dinheiro, mas, após novo depoimento, o depoente fez um novo reconhecimento e apontou o motorista de Renan Filho como sendo o responsável por coletar o dinheiro no hotel localizado na área nobre de Maceió. Diante das informações, em 9 de agosto, os agentes da PF chegaram até Ricardo Rocha, “pessoa de confiança do governador Renan Filho” e que inclusive teria atuado como motorista do gestor estadual na campanha de 2014. A comprovação da ligação, diz o texto do inquérito da Polícia Federal, veio por meio de documento do Portal da Transparência de Alagoas, no qual constava Ricardo Rocha como assessor especial lotado na Secretaria de Gabinete Civil, em 2015. “(.) No dia 19 de agosto, foi realizado novo Auto de Reconhecimento de Pessoa por Fotografia, em que foram apresentadas fotos das 8 pessoas identificadas a Durval Rodrigues da Costa, tendo este indicado a pessoa da foto 8, o senhor Ricardo José Gomes da Rocha, como sendo o motorista que lhe acompanhou na entrega dos valores. Na oportunidade, Durval Rodrigues descartou a pessoa do senhor Ricardo de Araújo Santa Ritta como sendo o motorista que lhe auxiliou a fazer as entregas em espécie”, detalha um trecho do inquérito da PF enviado ao Supremo. Ainda conforme as investigações constantes na ação enviada ao relator da Lava Jato, foram realizadas novas diligências para confirmação do vínculo entre Renan Filho e Ricardo Gomes, ficando reforçado o vínculo passado e, ainda, do presente, visto que, conforme publicação no Diário Oficial, “foram concedidas férias a ele entre junho e julho de 2019, indicando que ainda atua junto ao governador Renan Filho”.

Foto usada pela PF para reconhecer motorista de Renan Filho como o responsável por intermediar a propina
Foto usada pela PF para reconhecer motorista de Renan Filho como o responsável por intermediar a propina - Foto: Divulgação
 


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