Para quem não sabe ainda, o estado de Alagoas está sob o comando do vice-governador Luciano Barbosa (MDB) até o próximo dia 25, quando se encerra a viagem à Europa do governador Renan Filho (MDB). A troca na chefia do Executivo se deu de forma secreta, diferente das outras vezes em que Renan Filho precisou se ausentar. Desta vez, o governador não fez questão de divulgar nas suas redes sociais e nos canais oficiais a mudança no comando. O registro de ambos assinando o termo de posse ficou, apenas, em foto de arquivo, reforçando o sentimento de isolamento político que Luciano Barbosa enfrenta.
A medida de “esconder” a posse do vice-governador acontece após a Operação Casmurros, deflagrada pela Polícia Federal, que apontou para um esquema que pode chegar a R$ 21 milhões na Secretaria Estadual de Educação (Seduc), pasta comandada por Barbosa desde 2015. Além do esquema apontado pela PF, no setor de transporte de estudantes, a secretaria enfrenta outros problemas sérios, como calote de quase um ano no prêmio do Escola 10, devolução de recursos federais a Brasília (DF), dívida com motoristas e, também, o desgaste com a Assembleia Legislativa Estadual (ALE).
Ao contrário de Renan Filho, os governadores do Nordeste fizeram questão de divulgar em suas redes sociais e nos canais oficiais dos governos a transmissão de cargo para os seus vices, a exemplo de Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte e, também, de Sergipe. No caso do Maranhão, não houve a transmissão pelo fato de o governador Flávio Dino (PCdoB) ter ficado no estado e enviar o vice à Europa.
Não é a primeira vez que os resultados da Operação Casmurros impedem o governador Renan Filho de posar ao lado de Luciano Barbosa para registros oficiais. A ausência de Renan Filho também foi sentida durante o tradicional desfile estudantil de 16 de setembro, que aconteceu no bairro do Jaraguá, em Maceió. Pegou muito mal para o vice-governador e secretário de Educação a solidão do palanque, amargando um isolamento político durante o evento público. O fato foi revelado pelas próprias fotos oficiais. À época, a operação policial completava ainda apenas uma semana.
POLÍCIA FEDERAL, PRESENTE!
Luciano Barbosa não é o único que precisou se explicar após um operação federal deflagrada em Alagoas. O chefe dele, Renan Filho, também precisou ir à Polícia Federal, em Brasília, depor em mais uma fase do desdobramento da Operação Lava Jato. O depoimento do governador foi solicitado pelo delegado que investiga o caso, Bernardo Guidal, e, posteriormente, foi determinado pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin. A medida se deu diante das provas que mostrariam o recebimento de propina de assessores de Renan Filho na campanha eleitoral de 2014.
Segundo a Polícia Federal, o inquérito que investiga o complexo esquema de corrupção e pagamento de propina, envolvendo Renan Filho como um dos beneficiários diretos do esquema, confirmou que Ricardo Rocha, assessor especial e, há anos, homem de confiança do governador foi intermediário de parte dos R$ 3 milhões que abasteceram a campanha eleitoral. Ricardo Rocha, que atuou como motorista de Renan Filho no pleito, teria recebido a propina em Maceió e, também, na cidade do Recife (PE).
MISSÃO EUROPA 2019
A Missão Europa, formada por governadores do Nordeste, teve início ontem, na França. Em Paris, o grupo se reuniu com 40 empresários para apresentar as propostas ligadas aos setores de energia, conectividade, segurança, além da preservação de rios e nascentes. Na foto oficial do evento, não é possível encontrar e/ou localizar a presença de Renan Filho no primeiro dia de evento oficial. Os custos que o contribuinte alagoano precisou pagar da ida ainda são desconhecidos.