A construção e duplicação de estradas orçadas em R$ 477 milhões, que o governador Renan Filho (MDB) pretende fazer com dinheiro emprestado de bancos e será entregue a construtoras, e o desvio de finalidade dos recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep), usados para a construção de cinco hospitais, num total de mais de R$ 200 milhões, mobilizam os bastidores do Ministério Público Estadual (MP) e de Contas. Além dessas duas frentes, uma terceira prática de Renan Filho completa o tripé que tem deixado promotores de Justiça em alerta, que são os gastos milionários com propaganda pessoal. O que mais chama a atenção é o novo empréstimo que a Assembleia Legislativa Estadual (ALE) autorizou ao Executivo e que vai aplicar tudo em obras rodoviárias. Algumas estradas não têm movimento de veículos para justificar investimentos milionárias neste momento de recessão econômica. Este é o caso da duplicação do trecho da AL-220, entre Arapiraca e Delmiro Gouveia, orçada em mais de 50% do empréstimo, ou seja, R$ 262 milhões. A estrada tem fraco movimento, à noite fica deserta. Até os prefeitos da região ficaram surpresos, apesar de aprovarem o empreendimento. Quem mora ou trabalha entre Olho D’Água das Flores e Olho D’Água do Casado e precisa trafegar pela rodovia “implorara”, há mais de cinco anos, a manutenção e recuperação daquele trecho da “220” que está esburacado e é conhecida como “rodovia da morte”. Os servidores públicos estaduais e autoridades do Judiciário não escondem a preocupação com o novo empréstimo do governo, porque aumentará a dívida pública, hoje orçada em mais de R$ 8 bilhões, hoje considerada como impagável e, segundo os sindicatos dos servidores públicos, pode comprometer o pagamento em dia dos salários e de credores. Por isso, os sindicatos querem investigação. Com relação à aplicação de quase meio bilhão de reais em obras viárias e mais de R$ 200 milhões do Fecoep na construção de hospitais, ainda não é investigada pelo MPE e de Contas porque efetivamente não chegou nenhum tipo de pedido oficial neste sentido. A investigação só poderá ocorrer mediante provocação da sociedade civil organizada ou de um contribuinte que se sinta prejudicado. Se os gastos forem investigados e envolver diretamente o nome do governador Renan Filho, o processo será remetido ao procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, que analisará e poderá encaminhar os autos para um dos promotores da Fazenda Pública, ou do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público, ou ainda ficar com a responsabilidade de investigar o caso, revelou uma fonte do Judiciário. Nos bastidores do MP, os gastos milionários do governo têm sido motivo de diversos comentários. Oficialmente, porém, ninguém quer falar a respeito do assunto para evitar especulações neste momento que os servidores cobram reajuste salarial e o governo acena negativamente.