Política
Lessa volta a brigar com setores do judici�rio

MARCOS RODRIGUES O governador Ronaldo Lessa (PSB), ao anunciar o reajuste dos servidores estaduais, na última sexta-feira, desferiu duras críticas aos setores do judiciário, policiais civis e servidores do Detran. Sobre os juízes, o governador fez questão de destacar que alguns legislam contra o Estado, o que poderá detonar uma nova crise com o poder, considerando o alto grau de corporativismo que cerca a classe. ?A gente assiste a uma conduta de setores do judiciário, que estão homologando pedidos para o aumento do teto salarial de algumas pessoas e até pedindo a prisão de secretários?, falou o governador. Segundo o governador, as decisões do judiciário colocam o Estado numa situação difícil, pois na atual conjuntura política a sociedade quer acabar com privilégios. A partir da decretação do teto salarial do Estado em R$ 8.910, o governo passou a ser bombardeado com pedidos de liminares que garantam pagamentos superiores a esse valor. Nesta situação estão algumas pensionistas do Ipaseal e outros servidores. Segundo o governador, quando a Justiça valoriza esse tipo de atitude vai de encontro à situação de pobreza em que vivem outros servidores. ?Enquanto uns fazem greve para receber 100 reais de aumento, outros querem garantir suas vantagens a qualquer custo?, revelou o governador numa referência aos procuradores de Estado. O governador chegou a ficar exaltado quando se referiu aos juízes que concedem decisão favorável para ?as castas?, como definiu as categorias que pleiteiam aumentos acima do teto atualmente em vigor em Alagoas. Teto A definição do teto salarial é considerada pelo governo uma conquista do segundo mandato do governo. Mas o governador demonstrou indignação com um dos últimos recursos impetrados no judiciário em que contestam a referência adotada pelo governo para a sua decretação. Conforme Ronaldo Lessa, a constituição estadual já definia como teto do Estado o salário do secretário de governo. Mas ainda assim, como o valor não está especificado, a Justiça considerou que, como não existiu uma definição real do valor, ele pode ser superior ao que já foi proposto e anunciado pelo Executivo. ?O resultado é que terei de acrescentar o valor para confirmar o que a própria lei já estipulava?, explicou o governador. Ele disse, ainda, que com estas atitudes esses setores do judiciário dão as costas à realidade difícil de pobreza em que Alagoas vive. Sobre as decisões judiciais que o obrigam a pagar o que definiu como supersalários, o governador disse que não irá descumprir a lei, mas recorrerá de todas as decisões em outras instâncias do judiciário. Ele garantiu que lutará de todas as formas legais possíveis para evitar pagar estas quantias. Como exemplo, citou as viúvas que recebem mais de R$ 20.000 por mês. Para Lessa, estas pessoas já têm filhos criados e situação estável, mas ainda assim brigam por grandes quantias. ?Cheguei a propor que isso fosse pago em forma de precatório, mas não consegui?, revelou. Indagado sobre a possibilidade de estar deflagrando uma nova briga com o judiciário, o governador preferiu considerar que não estava atacando o poder em sua coletividade, mas sim os que prejudicam o Estado. ?Não acredito que possa estar criando um nova guerra. Até porque já dei nomes à Corregedoria do Estado. Agora só espero que ela os puna?, finalizou o governador. A repercussão do pronunciamento do governador só será sentida a partir de amanhã, quando os juízes devem se manifestar por intermédio de sua associação.