Política
Obras estruturantes podem parar por falta de recursos

ARNALDO FERREIRA Obras estruturantes consideradas vitais para a economia alagoana, como a construção do Canal do Sertão, a duplicação e modernização do Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares, ainda não pararam, mas estão ameaçadas de paralisação. A constatação é do líder do PMDB no Senado, senador Renan Calheiros, que esteve com sua assessoria técnica e prefeitos do Sertão numa visita ao Vale do Moxotó, onde está sendo construída a primeira etapa do canal. A tomada d?água e a estação elevatória que vai bombear a água captada do Rio São Francisco para os primeiros 16 quilômetros do canal estão mais de 70% concluídas. Renan disse que as obras não pararam porque o ex-ministro da Integração Nacional, Luciano Barbosa (hoje secretário de Saúde do município de Arapiraca) liberou recursos da ordem de R$ 30 milhões. Do montante, R$ 9 milhões são para as obras do Canal do Sertão e R$ 21 milhões para a duplicação do aeroporto de Maceió. As obras em andamento são tocadas pela empresa baiana Odebrecht. O líder do PMDB, entretanto, observou que não foi só Alagoas que teve seus recursos para obras estruturantes contingenciados pelo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ?Todos os estados estão enfrentando o mesmo problema, estão com suas obras paradas ou praticamente paradas, exatamente porque os recursos não estão chegando?. Porém, Calheiros avalia que, a partir do segundo semestre, o fluxo de recursos para as obras deve voltar a fluir. Oposição Já o senador Teotonio Vilela Filho (presidente do Diretório Estadual do PSDB) aproveita a situação para sustentar projeto tucano de oposição ao governo. Ele afirmou que os recursos deixados pelo presidente Fernando Henrique para as obras estruturantes estão acabando e, conseqüentemente, as obras tendem a ser paralisadas. ?Os recursos do Orçamento de 2003, destinados ao Canal do Sertão, da ordem R$ 13 milhões, estão indisponibilizados?, disse. Ainda segundo o senador, na mesma situação indefinida estão os R$ 25 milhões para as obras do aeroporto. Também não há previsão de chegada dos recursos, da ordem de R$ 22 milhões, necessários à continuidade da primeira etapa das obras de revitalização das lagoas Mundaú e Manguaba. Este projeto envolve, inicialmente, o esgotamento sanitário de 13 municípios que margeiam os rios Mundaú e Paraíba. ?Quanto aos projetos de revitalização do Rio São Francisco, estão completamente paralisados?, assegura o senador. No embalo das críticas ao governo Lula, Teotonio disse que o governo do ex-presidente Fernando Henrique fez esforço para concentrar recursos e investimentos com o objetivo de reverter o quadro de subdesenvolvimento social. ?Com os recursos orçamentários contingenciados, Alagoas vive a angústia da incerteza. Diante das distorções sociais e econômicas que o Estado acumulou ao longo de sua história, não pode abrir mão da sua condição de que deve ter prioridade quando do recebimento de recursos e investimentos por parte do governo federal?, afirmou Teotonio Vilela, em discurso na tribuna do Senado, na última quinta- feira. ?No ano passado, o governo liberou os recursos para a primeira etapa da construção do Canal do Sertão. Os recursos foram aplicados nas obras de captação, bombeamento e adução. Com isso, começaram as obras de terraplanagem, desmonte de rocha e 16 dos primeiros 45 quilômetros de canal. Agora, a continuação das obras está ameaçada?, completou. O governador Ronaldo Lessa (PSB) também está preocupado com o contingenciamento dos recursos das obras que são vitais para o seu projeto de resgate social, geração de emprego e renda e transformação do ciclo de penúria do Sertão e Agreste. Ele deverá convocar a bancada federal, ainda esta semana, para uma discussão sobre o futuro das obras estruturantes.