Política
Lula ataca corporativismo do movimento sindical

Brasília ? Em mais uma defesa das reformas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou ontem o ?corporativismo? do movimento sindical, ao discursar no Encontro Nacional de Vereadores e Deputados Estaduais do PT. Falando de improviso para colegas de partido, Lula tentou ser didático ao apresentar argumentos favoráveis à cobrança da contribuição previdenciária dos funcionários públicos aposentados e disse que ?ninguém tem de ter vergonha? das reformas. Ele criticou, novamente, as taxas de juros da economia real e repetiu a promessa de que o ?espetáculo do crescimento? começará em julho. Mas também pediu paciência aos correligionários. ?Sei que muita gente tem afinidades, é ligado, como eu, às corporações. Eu sei que é difícil, os companheiros falam ?Não, mas os meus amigos são do sindicato tal, do sindicato tal??, discursou. ?Não estou falando isso agora. Quem me conhece sabe que já faz aproximadamente oito anos que estou fazendo discurso, dizendo para o movimento sindical ?Vocês precisam deixar de ser corporativos, de pensar apenas no aumento de salário, e começar a pensar no tipo de Brasil que nós queremos construir?.? Base histórica do PT e origem de muitos dos 52 milhões de votos que elegeram o presidente, os sindicatos de funcionários públicos são hoje um dos maiores focos de resistência à reforma da Previdência. Foram eles que organizaram o maior ato de rua contra o governo Lula, no dia 10, quando cerca de 20 mil funcionários públicos marcharam pela Esplanada dos Ministérios. Apesar de divididos quanto à realização de greve, os sindicatos decidiram convocar paralisação do funcionalismo federal a partir do dia 8. Quando voltou a falar em ?espetáculo do crescimento? ?, repetindo, mais uma vez, o discurso do dia anterior no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SP), anteontem ?, Lula explicou que insiste nesta previsão ?porque eu acredito que as coisas que foram plantadas começarão a brotar agora e em poucos meses, este ano, o que nós plantamos já vai estar dando frutos que nós queremos colher para alimentar a nossa gente.? Aplaudido diversas vezes pela platéia de petistas ? eram 1.650 participantes, dos quais 980 vereadores e cerca de 150 deputados estaduais ?, o presidente pediu o empenho de todos em favor das mudanças. ?Ninguém tem de ter vergonha porque está fazendo as reformas. Até porque não queremos tirar direitos de ninguém. Queremos aumentar os direitos de quem não têm direitos neste País, de quem está excluído?, discursou. ?O que nós não podemos é aceitar que uma minoria determine as condições de vida da maioria do nosso povo.?