Política
Dossi� envolve mais dez prefeituras em desvios de recursos do Fundef

MARCOS RODRIGUES O coordenador estadual do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Médio e Valorização do Magistério (Fundef) em Alagoas, professor Milton Canuto, revelou, ontem, que pelo menos mais dez municípios se juntaram à lista de 55 já divulgados pela imprensa como envolvidos em irregularidades com o programa no Estado. Durante entrevista coletiva, ele afirmou que, em função de investigações que ainda estão sendo realizadas e de ter de submeter as denúncias ao Ministério da Educação, teve que adiar a divulgação da relação total das prefeituras acusadas. Ele prometeu que os nomes serão anunciados em breve. A revelação do professor foi confirmada pelo integrante da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Narciso Fernandes Barbosa, e pela presidenta do Sindicado dos Trabalhadores em Educação, Lenilda Aureliano. Segundo Milton, os nomes podem já constar da lista que o coordenador nacional do Fundef, Francisco Chagas, já possui. ?São várias as denúncias de irregularidades que vão desde a perseguição e demissão de professores até inclusão de pessoas nos conselhos alheias ao processo educacional?, adiantou. Ele disse que entre as denúncias constam, ainda, o não cumprimento do plano de carreiras, a má aplicação de dinheiro nas escolas, a inclusão entre as despesas do ensino infantil, que deveria ser mantido com recursos próprios e o que classificou como ?enxerto de folha?. ?São pessoas que se quer moram na cidade, ou quando moram não trabalham, mas constam na folha de pagamento com o dinheiro que vem do programa?, explicou o professor. Para o advogado Narciso Fernandes, o que chamou mais sua atenção é quanto à classificação de pessoas como professor sem sequer terem cursado o ensino médio. ?Encontramos casos de pessoas que figuram na lista de pagamento como sendo professores. Ao checarmos descobrimos que não são nem formadas?, contou sem revelar em qual cidade isso vem ocorrendo. O dossiê produzido pelo grupo será enviado ao Ministério da Educação (MEC), a Procuradoria da União, Coordenação Nacional do Fundef e Secretaria Nacional de Direitos Humanos. O coordenador estadual confirmou, ainda, que o processo investigatório que vem crescendo sobre o programa no Estado só ganhou força após o assassinato do professor Paulo Henrique Bandeira, em Satuba. O professor havia denunciado dias antes de sua morte falhas na aplicação dos recursos da educação no município. Ele revelou que denúncias contra o Fundef existem desde sua criação, há quatro anos. Neste período foram investidos em todo o país R$ 3 bilhões. Deste montante, Alagoas ficou com R$ 1,3 bilhão.