Política
Dez derrotas eleitorais n�o desestimulam o candidato Z� Muniz

ARNALDO FERREIRA Os que pensam que o eterno candidato das últimas eleições de Maceió e de Alagoas, José Marinho Muniz Falcão - mais conhecido como Zé Muniz- desistiu de participar do processo eleitoral, estão redondamente enganados. Ao completar 61 anos, e depois de disputar dez vezes vagas na Câmara Federal, na Assembléia Legislativa e na Câmara Municipal de Maceió, Muniz mandou seu recado no tradicional tom irônico: ?Olha, seus políticos que costumam enganar os eleitores, vocês ainda não se livraram de mim. Se preparem para ouvir as verdades no Guia Eleitoral. Não desisti não. Serei candidato nas eleições municipais de 2004, me aguardem?. Irmão do ex-governador Sebastião Marinho Muniz Falcão, que no dia 13 de setembro de 1957 provocou um tiroteio na Assembléia Legislativa durante a votação do processo de seu afastamento do governo, Zé Muniz, no entanto, nunca chegou ao poder pelo processo eletivo. A família é de políticos bem-sucedidos eleitoralmente. Além de Muniz Falcão, tem o ex- presidente e fundador do antigo MDB alagoano, Djalma Falcão, afastado do partido depois de ter sido prefeito, deputado estadual, federal e suplente de senador. Zé Muniz é irmão do ex- vereador de Maceió Pedro Marinho Muniz Falcão - Camucé, também do MDB e que durante quatro mandatos na Câmara de Vereadores ia trabalhar de bicicleta e não mantinha gabinete, sob a alegação de não querer gastar com pagamento de assessores. Zé Muniz se gaba em dizer que é, também, um dos fundadores do PMDB alagoano. ?Sou do PMDB da ala e fiel às origens do partido. Logo, sou contra aqueles políticos que são da ala do PMDB da Gamela?. O PMDB da ?Gamela?, segundo Zé Muniz, é constituído por políticos do grupo e da base do ex-senador Jáder Barbalho, de Jedel Vieira Lima e do ex-ministro do transporte Elizeu Padilha, ?entre outros que continuam no partido?. Zé Muniz está de volta à política e promete fazer uma campanha de oposição ao governo. Fidelidade O eterno candidato lembra que ingressou no partido quando ele ainda se chamava Movimento Democrático Brasileiro- MDB, em 1970. ?Nunca mudei. Em 1970 fui candidato pela primeira vez, a deputado federal?, lembrou. Trabalhou durante 41 anos na Assembléia Legislativa e saiu depois de entrar no Plano de Demissões Voluntárias PDV-, e jura ter sido enganado na hora de receber sua indenização. Ao desferir suas críticas ao Poder Legislativo, disparou: ?Só para vocês terem idéia do quilate dos nossos parlamentares, salários de vereadores e de deputados de Alagoas, ainda hoje são segredo de Estado?. Zé Muniz disse ter entrado na política para desempenhar o papel de oposicionista. ?Fiz oposição até no governo do meu irmão na prefeitura de Maceió?, frisou, ao se referir ao ex-prefeito Djalma Falcão. Ele lamenta a falta de renovação na política alagoana e novamente responsabilizou os eleitores. ?Um dia, nosso povo vai acertar e saberá renovar todo o processo político. Todos os estados passam por renovações, um dia esta renovação também vai chegar a Alagoas e aí vai ser uma limpeza só, nas prefeituras, nas câmaras municipais e nas bancadas estadual e federal?, acredita. Histórico Zé Muniz foi candidato pela primeira vez, a deputado federal, em 1970. Apesar de ser o mais votado do partido em Maceió, conseguiu apenas 13 mil votos e isso lhe deu o posto de primeiro suplente. Em 1986 entra para a segunda disputa para uma cadeira federal. Novamente ficou na primeira suplência. Quatro anos depois, em 1990, Zé Muniz desiste de tentar uma das nove cadeiras de deputado federal, acreditando que era a vez de se eleger deputado estadual. Nova decepção. A votação foi inexpressiva para poder sonhar em sentar numa das 27 cadeiras do parlamento estadual. Zé Muniz é duro na queda e não desiste facilmente. Em 1992 tenta se eleger vereador, mas não consegue. Dois anos depois volta a tentar se eleger deputado federal, outro fracasso. Em 1996, tenta se eleger vereador de Maceió; em 98 se candidata a deputado estadual e tenta se eleger sem dizer o número na propaganda de rádio. Em 2000 se candidata a vereador; 2002 sai candidato a deputado estadual e consegue 15 mil votos, fica na segunda suplência; em 2004 está convencido de que se elege vereador de Maceió.