loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
sábado, 05/07/2025 | Ano | Nº 6004
Maceió, AL
25° Tempo
Home > Política

Política

Assaltantes incitam sem-terra a saquear caminhoneiros

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp

ARNALDO FERREIRA A Secretaria de Defesa Social, através de dois delegados especiais, investiga, de forma discreta e confidencial, as ações criminosas de bandidos que se infiltraram em acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais de organizações do Movimento Sem Terra em Alagoas, para incitar o movimento a praticar saques e roubo de cargas. Pelo menos sete pessoas são acusadas de comandar as ações criminosas. Na lista dos investigados está também o superintendente do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas, engenheiro Mário Agra. Os inquéritos são sobre roubo de cargas em rodovias federais e estaduais, praticado por pessoas que carregam bandeiras do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra. Mas, a polícia já sabe que algumas delas não são militantes que lutam pela reforma agrária. O segundo inquérito é sobre incitação ao crime e formação de quadrilha. Nesse inquérito, constam nomes de supostos líderes de trabalhadores rurais. É nesse inquérito também que aparece o nome do superintendente do Incra em Alagoas. Os dois inquéritos estão em fase final de investigações. O indiciamento de acusados pode acontecer a qualquer momento. Os dois delegados envolvidos nas operações, Manoel Cavalcante Wanderley, que preside o inquérito sobre roubo de cargas e ataques a caminhoneiros; e o delegado Cícero Torres, presidente o inquérito sobre formação de quadrilha e incitação ao crimes, através de fechamento de rodovias, para saques de caminhões e cobrança de pedágios entre outros crimes, mantêm a cúpula da Secretaria de Defesa Social e o governo informados sobre as operações. As investigações são acompanhadas, também, pela Justiça e pela cúpula da Secretaria Celular de Justiça e de Defesa Social. Indícios O que levou a polícia a suspeitar da infiltração de criminosos nos assentamentos e acampamentos foram as recentes prisões de Silvano da Silva, que era procurado pela polícia e pela Justiça, por envolvimentos em assaltos a ônibus interestaduais, assassinato de um policial militar e dezenas de furtos. Preso em Traipu, o acusado estava infiltrado num acampamento de sem-terra. Para usar o acampamento como esconderijo, Silvano ameaçava os trabalhadores e cobrava silêncio de todos. Nos acampamentos de Joaquim Gomes, a polícia prendeu mais dois acusados em homicídios e assaltos: ?Fanta? e ?Sapo?. As identidades ainda são preservadas porque há uma investigação em curso na zona da mata, para identificar outros criminosos que se infiltraram nos movimentos e, hoje, ameaçam os sem-terra e tentam desmoralizar a filosofia e a luta dos trabalhadores rurais pela reforma agrária. O secretário de Defesa Social, Robervaldo Davino, como a maioria dos policiais envolvidos nas investigações, foram unânimes em defender os trabalhadores rurais e as organizações. ?As entidades dos trabalhadores rurais são vítimas de criminosos que usam os acampamentos e os assentamentos como esconderijos?. Robervaldo Davino, além de defender os sem-terra, destacou que o movimento pela reforma agrária é a saída para reduzir a miséria, a fome e o desemprego no campo. ?Não podemos confundir sem-terra com bandidos. Os trabalhadores rurais são homens e mulheres de bem?. O secretário destacou que as polícias Civil e Militar têm bom relacionamento com os movimentos. ?A PM tem um segmento de Direitos Humanos, treinado para intermediar conflitos, e consegue resultados surpreendentes por estabelecer processos de negociações pacíficos?. ?Marrom? Há três meses, um ex-dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST-AL), Marcos Antônio da Silva, mais conhecido como ?Marrom?, numa entrevista exclusiva à GAZETA DE ALAGOAS, revelou que pessoas foragidas da Justiça e da polícia, traficantes de drogas, ladrões de cargas e envolvidos em homicídios tinham se infiltrado nos acampamentos do Sertão, Agreste, zona da mata e áreas litorâneas. ?Bandidos usam os nossos acampamentos como esconderijos e ameaçam de morte quem denunciá-los à polícia?, afirmava Marrom. Naquele momento, o ex-coordenador estadual do MST chegou a ser criticado por dirigentes atuais do movimento. Porém, Marrom, que continua à frente da luta pela reforma agrária, destaca que ?os trabalhadores rurais estão sendo forçados a praticar ações que fogem à luta dos sem-terra e comprometem a luta pela reforma agrária?. As denúncias chegaram aos acampamentos e assentamentos. Os criminosos que usavam as áreas do Sertão e Agreste como esconderijo fugiram. Mas, alguns permaneceram na região do Agreste. Como havia divergências na coordenação do MST alagoano, a direção nacional do movimento afastou os dirigentes e enviou um dos dirigentes de Sergipe, José Roberto, para assumir a coordenação estadual e redirecionar as ações políticas dos trabalhadores rurais.

Relacionadas