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M�rio Agra: “Reconhe�o a fome, mas condeno saques”

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ARNALDO FERREIRA O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agraria - Incra/AL, engenheiro Mário Agra, ainda não sabe que seu nome está no inquérito instaurado para identificar pessoas acusadas de incitar trabalhadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para a prática de saque, interdição de rodovias federais e estaduais e cobrança de pedágio. Mas, em entrevista à GAZETA DE ALAGOAS, disse ser contra as ações radicais dos saques e as interdições de estradas. ?Nós entramos no Incra em março. Até hoje, já distribuímos 750 toneladas de alimentos para assentamentos e acampamentos. Portanto, não tem sentido essa radicalização que inquieta as autoridades e a população?. Agra admitiu, no entanto, que tem conversado com as lideranças das organizações de trabalhadores, visitou todos os assentamentos e acampamentos. ?Recebemos denúncias, inclusive através da imprensa, de que havia infiltração de pessoas estranhas ao movimento dos sem-terra, usando as áreas como esconderijo?. Além de investigar a infiltração de pessoas ligadas ao crime nas áreas dos sem-terra, o superintendente do Incra foi investigar o comércio dos lotes destinados à reforma agrária. ?Passamos cerca de três meses visitando áreas e constatamos vários tipos de irregularidades sérias e também a falta de assistência técnica, por parte dos órgãos públicos?, ressaltou Mário Agra, ao assumir que parte das irregularidades aconteceu e algumas continuam acontecendo ?porque, até agora, não houve uma efetiva política de reforma agrária com assistência e acompanhamento das famílias assentadas?. Fome O superintendente do Incra observou, ainda, que nos últimos meses os líderes das organizações de trabalhadores rurais mudaram o seu discurso. ?Antes, os movimentos lutavam por terra, a palavra de ordem era contra os latifúndios improdutivos, agora, o primeiro ponto de pauta das discussões com os movimentos é sobre cesta básica?. Destacou que o Incra não distribuía cestas básicas. Em seis meses de sua administração, o instituto já distribuiu 750 toneladas de alimentos e desde sexta-feira distribui mais 350 toneladas, através de 16 mil cestas básicas entregues a mais de sete mil famílias que vivem de forma improvisada, em cerca de 40 acampamentos. ?A crise social no campo é imensa e acontece no País inteiro. No Nordeste, temos exemplos nos estados de Sergipe, Pernambuco, Paraíba, Ceará. Nesses estados, o Incra também não distribui cestas básicas e nem por isso acontecem ações de saques como passou a acontecer em Alagoas?, lamentou Mário Agra, que desabafou: ?Entendo o problema da seca, a destruição das lavouras, reconheço o problema da fome, mas não posso admitir as ações radicais, exatamente agora que estamos trabalhando para que a reforma agrária saia do papel?. Ao justificar o discurso, disse que o Incra já vistoriou 600 imóveis. ?Até o fim do ano, vamos vistoriar cerca de mil propriedade rurais para fins de reforma agrária. A idéia é fechar o ano com dois mil assentados. Mas, as ações de radicalização podem atrapalhar tudo?, frisou. Produtos recuperados Na quinta e sexta-feira, cerca de 420 homens das polícias Militar, Civil e a Comissão Militar de Direitos Humanos ocuparam os acampamentos e assentamentos do Agreste, em busca de 23 toneladas de Cremogema, 15 toneladas de açúcar e 17 toneladas de produtos derivados de milho. A polícia executava um mandado de busca e apreensão, expedido pelo juiz Orlando Rocha Filho, da 3º Vara da Comarca de Arapiraca. Os policiais revistaram barracos de lona e casas de taipa. Numa missão constrangedora e diante do estado de miséria e fome dos acampamentos e assentamentos, a polícia recuperava quantidades insignificantes: menos de cinco por cento dos produtos saqueados. Imóveis Em recente visita aos assentamentos do Incra e do Instituto de Terras de Alagoas (Iteral) a GAZETA DE ALAGOAS constatou que as áreas mais produtivas da zona da mata, entregues aos trabalhadores rurais do movimento sem-terra, foram comercializadas com empresários e políticos ou trocadas por casas em bairros pobres das periferias de Maceió, Messias e União dos Palmares. No assentamento Lameirão, o Banco da Terra está financiando pessoas estranhas à luta dos trabalhadores. Como por exemplo, a própria presidenta do assentamento, professora Florange, que mora em União dos Palmares, e mantém seu lote improdutivo. Boa parte dos lotes dos assentamentos Flor do Mundaú e Eldorado dos Carajás, no município de Branquinha, foi vendida para empresários ricos, segundo denunciam as 192 famílias que há anos vivem em barracas de lona no acampamento Bolo. Os melhores lotes do assentamento Dourada também foram vendidos. O Incra promete retomar tudo o que foi vendido ilegalmente e entregar aos acampados. ?Esta é a melhor hora de recuperar o que foi vendido de forma irregular?, admitiu o superintendente do Incra.

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