Política
Roseana desafia seus concorrentes a explicar origem do caixa de campanha

Em discurso na cidade de Pinheiros (Maranhão), terra do senador José Sarney (PMDB-AP), a governadora Roseana Sarney lançou, ontem, um desafio público para que todos os seus concorrentes na corrida à Presidência da República expliquem como estão bancando suas campanhas políticas. Na última quinta-feira, a governadora confirmou a versão de que o montante de R$ 1,34 milhão apreendido pela Polícia Federal na Lunus - empresa de sua propriedade e de seu marido, Jorge Murad - era para bancar a sua candidatura à Presidência e disse considerar ?hipócrita? o concorrente que não assume que ?campanha se faz é assim?, com dinheiro vivo. A legislação eleitoral, porém, não permite que sejam recolhidas doações para as candidaturas antes de 6 de julho, início oficial das campanhas. Roseana não quis revelar a origem do dinheiro e disse que não sabia de sua existência. ?Meu marido resolveu me ajudar e fez a arrecadação?, afirmou Roseana, referindo-se ao dinheiro encontrado na sede da Lunus no dia 1º de março. Em seu discurso de ontem, Roseana ainda fez ataques ao governo federal e comparou a candidatura do PSDB, de José Serra, ao regime militar. ?Pelo jeito que as coisas vão, seria mais fácil o presidente (Fernando Henrique Cardoso) baixar um AI-6, nomeando seu candidato preferido como presidente do Brasil?, afirmou a governadora, em referência ao AI-5, ato institucional do presidente Costa e Silva, de 1968, que fechou o Congresso Nacional e suprimiu os direitos políticos durante o regime militar. Mão-de-ferro Numa tentativa de evitar debandada no partido, enquanto mantém ofensiva contra o governo e busca um rumo na sucessão presidencial, a Executiva Nacional do PFL decidiu que os congressistas terão de seguir a orientação do partido ao votar - seja a favor ou contra propostas de interesse do Palácio do Planalto em tramitação no Congresso. O PFL tem 96 deputados e 17 senadores. Pelo estatuto do partido, quem desobedecer estará sujeito à advertência, suspensão e até expulsão, como afirmou o presidente do PFL, senador licenciado Jorge Bornhausen (SC). ?Mas ninguém será expulso, porque todos sabem que, neste momento, o mais importante é a unidade do partido?, disse Bornhausen. A cúpula pefelista quer se prevenir de tentativas de aliciamento do governo e evitar dissidências no partido, favorecidas pela queda de sua pré-candidata à Presidência, a governadora Roseana Sarney (MA), nas pesquisas. Teste No Congresso, o primeiro teste será a medida provisória que corrigiu a tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física em 17,5%. O PFL é a favor da correção, mas quer derrubar a parte da MP que eleva a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido de empresas prestadoras de serviço (de 1% de sua receita bruta para quase 3%). O presidente FHC vetou o projeto de lei aprovado pelo Congresso que se limitava a corrigir a tabela do IR e, em janeiro, baixou uma MP incluindo o aumento da CSLL, como forma de compensar a perda na arrecadação do IR (de cerca de R$ 3,8 bilhões anuais). A posição do PFL contrária ao aumento da CSLL não é novidade. Assim que a MP foi baixada, PFL e PMDB anunciaram que votariam contra, entendendo que o governo não perderia receita com a correção da tabela do IR, mas deixaria de receber o que arrecadara a mais. A tabela estava congelada desde 1996.