O silêncio da bancada governista sobre a Operação Florence - Dama da Lâmpada, da Polícia Federal, a quinta contra o governo Renan Filho (MDB) e que levou para trás das grades a filha do vice-governador Luciano Barbosa (MDB), Lívia Barbosa, e o marido dela, Pedro da Silva Margallo, só foi quebrado na Assembleia Legislativa Estadual (ALE) pela oposição. Coube ao deputado Davi Maia (DEM) colocar o “dedo na ferida” aberta pela Controladoria Geral da Unidão (CGU) e que aponta para um esquema que desviou R$ 30 milhões da Secretaria Estadual da Saúde (Sesau). “Já está na hora de termos acesso a alguns dados sobre estas operações. Até agora não tivemos acesso às informações. São cinco operações e não chega nada à esta Casa. Isso deixa qualquer cidadão estarrecido e preocupado. Foram encaminhadas à Secretaria de Governo, à Controladoria Geral da União (CGU e à Polícia Federal ofícios pedindo explicações. A informação que tenho é que não podiam encaminhar nada por estar em investigação”, queixou-se Davi Maia. Quanto às informações encaminhadas aos órgãos, elas ocorreram após a deflagração da Operação Casmurros. À época, ela investigou um outro esquema, desta vez na Secretaria Estadual de Educação e que prendeu servidores de confiança da pasta, supostamente envolvidos em repasses que podem ultrapassar os R$ 20 milhões. Em aparte, o deputado Cabo Bebeto (PSL) também se manifestou sobre o tema. Sem demonstrar surpresa, mas ao mesmo tempo preocupado com a repercussão dos casos, lamentou o fato de mais uma notícia negativa ocupar o noticiário local. “A gente recebe notícias que versam sobre o desvio de recursos públicos em serviços essenciais, o que é muito pior. Confio no trabalho imparcial da Polícia Federal. Aguardo as apurações devidas e que os julgamentos ocorram de forma célere para os gestores que cometem esses crimes, bem como a população que é carente do serviço público que muitas vezes deixa a desejar”, disse Bebeto.
Procurado pela reportagem da Gazeta, o deputado Bruno Toledo (PP) optou por não se pronunciar já que não dispunha de todos os detalhes que envolviam o caso, mesmo após a coletiva de imprensa dos delegados da PF e técnicos da Controladoria Geral da União. Como o pronunciamento de ambos ocorreram somente no final da sessão, o plenário estava praticamente vazio depois da aprovação de emendas e indicações para o Orçamento Estadual. Assim que a parte regimental para as discussões foi encerrada, os parlamentares foram deixando o plenário calmamente. Ninguém saiu em defesa do governo. De acordo com uma fonte ouvida pela reportagem, a postura dos governistas foi uma espécie de “solidariedade” ao deputado Ricardo Nezinho (MDB), também governista. Ausente à sessão, ele teve seu nome exposto com a deflagração da operação da PF, pois sua cunhada, Regiluce Santos Silva, também foi presa. Por esta razão, até mesmo os governistas que pensaram em fazer um gesto de solidariedade optaram pelo silêncio, uma vez que chamariam a atenção para mais um momento delicado do governo de Renan Filho.
MORAL
Curiosamente, pouco antes destas duas intervenções, o líder do governo na ALE, deputado Sílvio Camelo (PV), e o colega Dudu Ronalsa (PSDB) haviam apresentado requerimentos pedindo o repúdio da Casa ao grupo humorístico Porta dos Fundos, por causa de um vídeo no Netflix onde fazem alusão a uma suposta relação homoafetiva entre Cristo e o diabo. Ligados à Igreja Católica, os dois parlamentares apresentaram as solicitações, também, em solidariedade a um pedido feito pelo bispo de Palmares (PE), Dom Henrique Soares, para que seja feito um boicote à plataforma de streaming por parte dos cristãos. Colocados em votações, os dois requerimentos foram aprovados por unanimidade pelos 25 deputados presentes a sessão de ontem da ALE.