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Nº 5852
Política Loja de chocolates do senador Flávio Bolsonaro foi um dos alvos das buscas

FLÁVIO BOLSONARO, QUEIROZ E EX-ASSESSORES SÃO ALVO DE OPERAÇÃO

MP apura suposto esquema de lavagem de dinheiro na época em que filho do presidente era deputado

Por Fábio Costa | Edição do dia 19/12/2019 - Matéria atualizada em 19/12/2019 às 06h00

O senador Flávio Bolsonaro (sem partido), o policial militar aposentado Fabrício Queiroz e outros ex-assessores do filho do presidente Jair Bolsonaro foram alvo nesta quarta-feira (18) de uma operação comandada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Entre os 24 alvos da operação que apura suposta lavagem de dinheiro estão parentes de Ana Cristina Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro, alguns que moram em Resende (RJ). Já foram recolhidos documentos e celulares na casa de alguns dos alvos. O Ministério Público não se pronunciou sobre a operação, alegando que o procedimento corre sob sigilo. As buscas e apreensões ocorrem após quase dois anos do início das investigações contra o PM aposentado. A Promotoria fluminense recebeu em janeiro de 2018 relatório do Coaf (órgão federal de inteligência financeira) apontando movimentações atípicas de Queiroz. Em 2019, após pedido de Flávio, as apurações foram suspensas a partir de julho por liminar (decisão provisória) do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, mas, após decisão do plenário, acabaram retomadas neste mês. No caso de Flávio, o alvo de busca e apreensão foi a loja de chocolates do senador. Os agentes chegaram por volta das 6h40 ao shopping Via Parque, na Barra da Tijuca (zona oeste), onde fica a franquia da Kopenhagen do senador, e deixaram o local por volta das 10h40. Flávio é dono de 50% da franquia desde janeiro de 2015. A firma é citada num relatório do Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) que descreve oito transferências que somam R$ 120 mil dela para o senador entre agosto de 2017 e janeiro de 2018. A empresa também foi alvo de quebra de sigilo bancário e fiscal pela Justiça em abril. A defesa de Flávio considerou a busca na empresa uma “invasão”. Já a da família de Queiroz afirmou que recebe a ação “com tranquilidade e, ao mesmo tempo surpresa, pois é absolutamente desnecessária”. “Ele sempre colaborou com as investigações, já tendo, inclusive, apresentado todos os esclarecimentos a respeito dos fatos”, disse o advogado Paulo Klein. “Ademais, surpreende que o mesmo MP reconhecendo que o juízo de primeira instância seria incompetente para processar e julgar qualquer pedido relacionado ao ex-deputado o tenha feito e obtido a referida decisão”, disse o advogado. Ele se refere ao posicionamento da procuradora Soraya Gaya, que atua na 2ª Câmara Criminal, que foi favorável à concessão de foro especial ao senador em habeas corpus protocolado por Flávio. A defesa desistiu depois do pedido.

SURPRESA E TRANQUILIDADE

O advogado de Flávio Bolsonaro, Frederick Wassef, por meio de nota, disse os investigadores não encontrarão nas buscas nada que comprometa o filho do presidente. “O que sabemos até o momento, pela imprensa, é que a operação pode ter extrapolado os limites da [medida] cautelar, alcançando pessoas e objetos que não estão ligados ao caso.” Wassef afirmou ainda que a notícia da operação foi recebida com “surpresa, mas com total tranquilidade”. Disse ainda que não teve acesso aos termos da decisão judicial e que só poderá se manifestar após analisar esses documentos. Queiroz é pivô de uma investigação que tem como alvo o próprio senador e outras 101 pessoas físicas e jurídicas, que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados. A Promotoria suspeita de um esquema conhecido como “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no período em que foi deputado estadual e manteve Queiroz como seu empregado (2007-2018). A prática consiste em coagir servidores a devolver parte do salário para os deputados. Estão sendo investigados crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa. Mensagens reveladas pelo jornal Folha de S.Paulo em outubro já mostravam a preocupação de Queiroz com as investigações do Ministério Público. Em áudios de WhatsApp, ele descrevia o caso como um problema “do tamanho de um cometa” e se queixava de falta de proteção. “Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”, disse o PM aposentado, em áudio de julho deste ano.

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