loading-icon
MIX 98.3
NO AR | MACEIÓ

Mix FM

98.3
segunda-feira, 30/06/2025 | Ano | Nº 5999
Maceió, AL
22° Tempo
Home > Política

Política

ALAGOAS ESTÁ ENTRE ESTADOS DO NE MAIS VIOLENTOS PARA JORNALISTAS

Em levantamento da Fenaj, Estado aparece com duas agressões diretas contra profissionais de imprensa

Ouvir
Compartilhar
Compartilhar no Facebook Compartilhar no Twitter Compartilhar no Whatsapp
Imagem ilustrativa da imagem ALAGOAS ESTÁ ENTRE ESTADOS DO NE MAIS VIOLENTOS PARA JORNALISTAS
-

Alagoas é o segundo estado do Nordeste mais violento para jornalistas, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira, 16, pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). De acordo com o levantamento, o Estado aparece com dois casos de agressões diretas registrados contra profissionais da imprensa em 2019 - um aumento de 100% em relação a 2018, quando foi registrado uma ocorrência. O Ceará encabeça o ranking regional, com sete ocorrências. Em um dos casos - ocorrido em Maceió, no dia 30 de janeiro -, o procurador de Estado Márcio Guedes – que é também graduado em Jornalismo – chamou os jornalistas alagoanos de “vagabundos”, em uma publicação em seu perl pessoal no Facebook. “Já disse e os vagabundos dos jornalistas alagoanos não querem ouvir. Pinheiro é a Mariana e Brumadinho de AL”, referindo-se aos problemas de um bairro da capital alagoana. No segundo caso, ocorrido em Rio Largo no dia 10 de agosto, a jornalista Viviane Chaves, assessora de imprensa da Prefeitura de Rio Largo, foi constrangida pelo promotor de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE/AL), Cláudio Malta, durante evento sobre campanha de combate a abuso sexual de menores. Segundo a Fenaj, ela perguntou ao promotor se a Prefeitura estava de parabéns pela parceria com o MP na campanha. “Respeite-me, eu sou uma autoridade. Eu não tenho que estar enaltecendo nenhuma Prefeitura; e não permito que você publique qualquer coisa sem a minha devida permissão sobre essa entrevista; peça-me desculpas. Não gostei de sua conduta; respeite-me; pois eu sou autoridade”, respondeu o promotor, em voz alta. O levantamento não inclui um episódio envolvendo o governador Renan Filho e o jornalista Arnaldo Ferreira, da Gazeta de Alagoas. Em agosto do ano passado, durante uma entrevista coletiva em que foram apresentados dados sobre a segurança no Estado, Ferreira fez uma pergunta ao governador sobre a denúncia que o Sindpol fez acerca da precarização que os agentes da Polícia Civil enfrentam nas mais de 140 delegacias em todo o Estado, além dos mais de 10 mil inquéritos que estão parados por falta de pessoal nas unidades. Outra pergunta feita foi sobre a qualidade dos Centros Integrados de Segurança Pública (Cisp) que, segundo o Sindpol, custam milhões, mas são de péssima qualidade. Diante das perguntas, Renan Filho se limitou a dizer que os números apresentados pelo Sindpol não são verdadeiros e que o jornalista premiado e com extensa ficha de trabalho prestado por diversos veículos pelo Brasil - como o Globo, Veja, Istoé, TV Band, SBT, entre outros -, estava “com esporas em sua barriga e rédeas na sua cabeça”. Apesar dos ataques, Arnaldo seguiu buscando respostas para as denúncias, mas, novamente, foi atacado, tendo o bairro onde reside divulgado pelo governador.

ASSASSINATOS

Em todo o País, foram registrados 208 ataques a veículos de comunicação e a jornalistas, um aumento de 54,07% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 135 ocorrências. O relatório traz ainda um balanço do número de assassinatos contra jornalistas. Em 2019, foram dois registros: os jornalistas Robson Giorno e Romário da Silva Barros, que atuavam em Maricá (RJ), foram mortos. Em 2018, houve apenas uma morte e, em 2017, nenhuma. O número de injúrias raciais envolvendo jornalistas também cresceu: foram dois casos de racismo em 2019, contra nenhum em 2018. Já os casos de ameças/intimações e de censuras mantiveram-se iguais nos dois anos de comparação: foram, respectivamente, 28 e 10 registros. Já os demais tipos de violência direta contra jornalistas caíram: as agressões físicas, que eram as mais comuns, diminuíram, passando a 15 casos, que vitimaram 20 profissionais, contra 33 em 2018. No mesmo sentido, houve redução em outros tipos de ataque: em 2019, foram 20 agressões verbais, 10 casos de impedimentos ao exercício profissional, 5 episódios de cerceamento à liberdade de imprensa por meio de ações judiciais e 2 casos de violência contra a organização sindical dos jornalistas. Em 2018, foram, respectivamente, 27, 19, 10 e 3 casos. Para a presidente da Fenaj, Maria José Braga, a situação é grave. “Há, de fato, uma permanente ameaça à liberdade de imprensa no Brasil e à integridade física e moral dos jornalistas. É preciso urgentemente frear o arbítrio instalado no país”, diz. O relatório indica também que jornalistas que trabalham em televisão são as principais vítimas de agressões. Em 2019, foram 35 casos (28,23% do total). Profissionais que atuam em jornal impresso ocupam a segunda posição: 33 casos ou 26,61% do total. Em terceiro lugar, estão os jornalistas de mídia digital (portais, sites e blogs), com 23 casos (18,55%). O documento conclui também que os políticos são os principais autores de ataques à imprensa. Eles foram responsáveis por 144 ocorrências (69,23% do total).

Relacionadas