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Nº 5692
Política Aldillany é de Girau do Ponciano e também já tirou nota 1.000 na redação da Uncisal em 2018 e 2019

AL TEM DUAS ESTUDANTES COM NOTA 1.000 NA REDAÇÃO DO ENEM

Nathalia e Aldillany frequentaram o mesmo cursinho em Arapiraca e sonham em fazer Medicina

Por luan oliveira | Edição do dia 18/01/2020 - Matéria atualizada em 18/01/2020 às 06h00

O maior desafio que todo estudante do ensino médio passa é o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, neste ano, somente 53 alunos conseguiram, em todo o País, nota 1000 na redação, considerada a etapa mais difícil e importante da prova. Alagoas é a terra de dois desses estudantes, que falaram com a Gazeta sobre suas provas. “Eu fiquei muito surpresa, eu não esperava mil. Estava meio insegura com algumas coisas que escrevi, tô até agora sem acreditar”, disse Nathalia Vital, de 24 anos, que passou metade de uma década estudando para a prova. Formada em informática pelo Instituto Federal de Alagoas (Ifal), Nathalia sonha em cursar Medicina. Com uma nota na redação inicial de 780, ela passou três anos estudando por conta própria em casa antes de conseguir uma bolsa para o cursinho Opção Certa COC, em Arapiraca. Lá, continuou aperfeiçoando sua prática em redação até conseguir o almejado 1000. O tema da redação de 2019 foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. A prova era extremamente antecipada por todos, que queriam saber como ficaria a avaliação após a promessa do presidente Jair Bolsonaro (Sem partido-RJ) de fazer um “expurgo ideológico” na avaliação, que considerava alinhada à esquerda. Alvo de diversas críticas do presidente, o cinema brasileiro foi ferramenta de resistência da esquerda em 2019, com longas como “Bacurau” arrasando quarteirões no País e em premiações internacionais, como Cannes. O aperto nos recursos destinados à cultura, principalmente ao audiovisual, também levou a questionamentos sobre a influência do governo sobre a prova, já que o tema abria espaço para críticas à sua administração. Nathalia argumentou, em sua prova, que o contato com o cinema na escola era importante. Criticou os altos preços de ingressos e a distância dos cinemas para a população que vive longe dos grandes centros urbanos. Usou como argumento Habermas, que defende a cultura como forma de inserção do indivíduo na democracia. A nota da redação, porém, não é tudo. Com 980 pontos na redação no Enem de 2018, Nathalia ainda não conseguiu entrar no curso de Medicina, devido a uma nota de corte mais alta do que o normal no Sistema de Seleção Unificado (SiSU) do ano. Em 2020, ela tem esperanças: “O Valdir [Ferreira, professor de química] disse que as notas tinham dado uma baixa. Fui bem em redação e em matemática, (...) a gente carrega a esperança de entrar em Medicina até o último minuto”, disse. Aldillany Maria, a outra nota mil do Estado, compartilha mais do que a pontuação no vestibular com Nathalia: as duas são do mesmo cursinho, o Opção Certa COC, e sonham em fazer Medicina. O professor Valdir se mostrou animado com os resultados deste ano e disposto a fazer implementações para turbinar os do próximo ano. A publicidade com o rosto das meninas já está garantida. “Sempre tivemos um índice de aprovação ótimo. Ano passado foram 33 alunos aprovados em medicina, de uma turma de mais ou menos 100”, contou, orgulhoso, o professor Valdir. O curso de Medicina nas universidades federais são os mais concorridos, e os vestibulandos correm atrás de cursinhos e aulões para aumentar suas chances.

Aldillany, de Girau do Ponciano, além do Enem de 2019, tirou nota mil nas redações das provas da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) de 2018 e de 2019. Cursou engenharia eletrotécnica no Ifal de Arapiraca.

Usou a mesma linha de argumento de sua colega: mais cinema nas escolas e uma maior acessibilidade do cinema ao povo. Citou algo diferente que Habermas, contudo: a Carta Magna, que preconiza o direito ao lazer. “O apoio da minha família foi muito importante, assim como o dos professores e dos meus colegas daqui do cursinho”, disse. “Estou muito confiante [para o SiSU]”.

As alunas agora passarão por uma última etapa antes de saber se realizaram seu sonho: a seleção da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) através do SiSU, que começa na terça-feira (21). Serão 100 vagas no Campus A.C. Simões, em Maceió, e 60 para o Campus Arapiraca, sendo 50% de cada reservado para ações afirmativas

* Sob supervisão da editoria de Cidades

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