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Política

ENQUANTO GOVERNO PRIORIZA 'ELEFANTES BRANCOS', HGE AGONIZA

Hospital Geral do Estado funciona de forma precária enquanto Estado investe em obras paradas

Por MARCELO AMORIM e GREYCE BERNARDINO | Edição do dia 18/01/2020 - Matéria atualizada em 18/01/2020 às 13h35

Enquanto o governo Renan Filho (MDB) anuncia a construção de novos hospitais pelo Estado, o maior e principal centro de atendimento de Alagoas, o Hospital Geral do Estado (HGE), serve de comprovação do descaso da gestão na área da saúde, revelado pelo Conselho Estadual da Saúde (CES). O quadro se somam às três operações da Polícia Federal (PF) ocorridas nos últimos anos, que apontam para esquemas de corrupção na Secretaria Estadual da Saúde (Sesau). Quem sofre com todo este cenário é a população que precisa de atendimento. Em relatório apresentado a gestores do HGE e da Sesau, o CES, colegiado composto por diversos órgãos e entidades representativas da sociedade civil, aponta 27 “aspectos” que precisam ser corrigidos com urgência no Hospital Geral do Estado. Alguns deles graves e que podem colocar em risco a vida de pacientes e acompanhantes, a exemplo da “inexistência de projeto elétrico e projeto de combate a incêndio / plano de contingência”. Como resposta para esta questão, os próprios representantes dos órgãos do governo disseram haver projeto elétrico, porém nada apresentaram ao conselho. E na sequência confirmaram o quadro de descaso com a saúde em Alagoas, ao justificarem que “o projeto contra incêndio foi solicitado desde 2015 [primeiro ano de gestão do atual governador] pelo setor de Segurança do Trabalho [do HGE], onde a Sesau propôs um projeto para as unidades de saúde”. Após seis anos sem que a medida tenha sido cumprida, nova resposta é apresentada ao CES. “Em 2020 foi aberto novo processo solicitando que seja realizado um específico para o HGE, separado das unidades de saúde”. E a extensa lista do CES com os problemas no HGE é extensa e mostra o perigo que todos que passam pelo local correm. Os extintores estão vencidos desde 2018. Nos lugares onde tem geradores, não existem extintores de incêndio e não tem circulação de ar. O número de técnicos de segurança é a metade que seria necessário – há apenas três, quando segundo o conselho deveriam ser seis. “Há desorganização nos corredores e setores diversos, com equipamentos quebrados e amontoados, o piso é irregular”. Ao mesmo tempo em que isso ocorre, os conselheiros identificaram “equipamentos novos encaixotados, empoeirados no corredor”. Receberam como resposta para este último aspecto a “inexistência de depósito do local”. Até mesmo os elevadores, essenciais ao transporte de pacientes que chegam ao hospital com risco iminente de morte, estão “há mais de três anos sem funcionar e os funcionários descem com as macas e carros de raios-X pela rampa de acesso aos andares”. Diante da situação de precariedade existente na unidade hospitalar, que se arrasta há anos, o CES já havia enviado várias solicitações à Sesau, informando sobre os problemas, sem solução até agora. Como justificativa para a situação, apresentada aos conselheiros em reunião realizada no último dia 8 de janeiro, os representantes da secretaria culparam a “grande burocracia nos processos avaliados pela PGE (Procuradoria Geral do Estado). “Vamos publicar uma resolução com os encaminhamentos da reunião. De acordo com o novo diretor do HGE, Paulo Teixeira [ele substitui Marta Celeste Silva de Oliveira, afastada da função após a Operação Florence, da Polícia Federal, na área da Saúde do governo], há R$ 10 milhões para reformar o HGE. Tudo isso [a solução dos problemas] está incluso. O mais importante é a abertura para que o CES acompanhe e fiscalize todo o processo”, diz, confiante, Maurício Sarmento, presidente do CES. De acordo com ele, os conselheiros devem retornar ao HGE em 60 dias para acompanhar as mudanças que o governo diz realizar no hospital. “A qualquer tempo, havendo alguma intercorrência, a gente pode voltar”, assegura o conselheiro, considerando que “a sociedade ganhou com a visita que o CES fez ao HGE, que precisava de uma sacudida”. Questionada sobre os fatos, na última quinta-feira, por meio de sua assessoria de comunicação, a Sesau solicitou um maior detalhamento das indagações, sobre os problemas no HGE apontados pelo CES e sobre as operações da PF na pasta, mas manteve sem retorno até a publicação deste texto.

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