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Nº 5692
Política Ronaldo Lessa é oposição declarada a Renan Filho nas eleições municipais deste ano

LESSA 'DETONA' RENAN FILHO E ARTICULA CANDIDATURA PRÓPRIA

Ex-governador se diz decepcionado com atual gestão estadual, especialmente com a falta de compromisso com a agricultura

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 18/01/2020 - Matéria atualizada em 18/01/2020 às 13h34

A escolha do futuro prefeito da capital alagoana passa, essencialmente, pela definição de nomes para a disputa eleitoral. Dezenas de especulações existem em torno do processo, porém, nenhum deles tem a experiência do ex-vereador, ex-prefeito, ex-deputado estadual, ex-governador e ex-deputado federal Ronaldo Lessa (PDT). Disposto a dialogar com partidos de centro-esquerda, do campo progressista, ele detonou o segundo mandato do governador Renan Filho (MDB), a quem acusa de não priorizar os mais pobres com recursos do Fundo Estadual de Combate e Erradicação da Pobreza (Fecoep). Por isso, vai liderar em oposição ao governo. Lessa não fala em “traição”, mas reconhece estar decepcionado com o fato de ter ajudado o governo em seu primeiro mandato, atuando como coordenador da bancada federal, na articulação política para a redução do pagamento dos juros da dívida, que caiu de 22% para 5,5%, inclusive com período de carência. “Hoje ele paga 5,5% de juros e ainda teve carência, o que lhe proporcionou fazer um caixa de R$ 1 bilhão. Essa participação nossa foi importante naquele momento. Mas o segundo governo eu já não posso dizer a mesma coisa. O Renanzinho não está correspondendo. A prioridade dele é outra. Senti isso quando fui administrar uma pasta importante - a Secretaria de Agricultura - num estado que é essencialmente agrícola, pesca e com pecuária, e o cara não deu prioridade”, afirmou o ex-governador. “O desenvolvimento se dá quando se trabalha com harmonia, o grande o pequeno. Mas o Canal do Sertão está lá abandonado, sem projeto nem para o grande, nem para o pequeno. Mesmo assim, não saí chutando o balde. Não cuspi no prato que comi”. Ele disse, ainda, que diverge da forma como o governo tem aplicado os recursos do Fecoep, que surgiu em seu governo e como foi aprovado pela Assembleia Legislativa Estadual (ALE), à época. Conforme lembrou, o dinheiro era para a erradicação da pobreza e não para muitas coisas que estão sendo feitas como obras de engenharia, em especial a construção de unidades hospitalares. “Para ele, a pobreza não é prioridade. Isso é sim um ponto divergente nosso”, apontou Lessa. Do ponto de vista político, Ronaldo Lessa lembrou também que o governador não cumpriu com um acordo que foi construído na formação do “chapão”, que era o de viabilizar a saída de algum deputado para que ele se mantivesse em Brasília (DF), já que seu trabalho como deputado vinha sendo reconhecido. “Isso aí não foi para mim. Não tinha um número específico e nem sabia que ia perder. Na hora da composição, ele [Renan] foi quem disse que eu deveria ficar lá, pois tinha sido coordenador da bancada por quatro anos e sempre eleito por unanimidade. Então faria um rodízio para que eu permanecesse. Isso era o compromisso antes da eleição. Não foi feito e eu aceitei. Havia a secretaria e não sei se ele fez isso para me perseguir. Se ele queria me destruir politicamente ou não, o problema é dele e está dentro do queria fazer. Agora, o que estava ocorrendo era evidentemente isso. O Programa do Leite, de sementes, questões com agricultura familiar, erradicação da pobreza, entre outros. Depois, como é que vou estar no governo com um terço de orçamento do que eu mandava quando era governador?”, questiona Lessa. Diante de um contexto de bastidores tão conturbado, com acordos descumpridos, com falta de reconhecimento da atuação parlamentar, inclusive viabilizando politicamente e economicamente o governo, Ronaldo Lessa voltou a enfatizar. “Minha relação política com os Calheiros [senador Renan e o governador Renan Filho] acabou. Pra mim está encerrado. Temos pontos absolutamente divergentes e eu espero continuar minha carreira política com oposição ao governo”. Por essa razão, não está descartada, por exemplo, a expulsão de Rafael Brito, atual secretário Estadual de Turismo, que vem sendo cogitado para o eventual cargo de vice numa composição apoiada pelo Palácio República dos Palmares. O assunto não é tratado como oficial no governo, porém, já chegou a ser especulado. Ele é casado com a sobrinha de Ronaldo Lessa e também é filiado ao PDT. Uma outra sobrinha, a jornalista Mariana Lessa, trabalha ao lado do governador Renan Filho.

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