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Nº 5759
Política Multidão acompanhou o sepultamento do corpo de Jeferson Morais ontem à tarde

PARENTES E AMIGOS SE DESPEDEM DO EX-DEPUTADO JEFERSON MORAIS

Sepultamento reuniu centenas de pessoas, entre lideranças políticas e a população mais humilde

Por Marcos Rodrigues | Edição do dia 12/02/2020 - Matéria atualizada em 12/02/2020 às 06h00

Se o impacto da notícia da morte do jornalista e ex-deputado estadual Jeferson Morais, de 58 anos, provocou comoção nas redes sociais, e em seu velório a despedida final foi cercada de muito mais emoção. Na tarde de ontem, depois de um cortejo em carro aberto do Corpo de Bombeiros, da Assembleia Legislativa Estadual (ALE) até o campo santo Memorial Parque Maceió, no Benedito Bentes, seu corpo foi sepultado sob salva de tiros e aplausos de centenas de populares e autoridades do Estado. Vítima de um câncer avassalador, que não lhe deu tempo sequer para tratá-lo adequadamente, Morais deixou para trás fãs, amigos, familiares e um futuro criativo, seja na política ou em produções artísticas e culturais. Quando o caixão desceu do caminhão para uma breve estada numa das capelas do cemitério, uma multidão já o aguardava. A mesma gente simples que um dia ele ajudou, agora estava ali chorando como que diante de um parente para lhe prestar a última homenagem. Pessoas como a gari e blogueira Carmem Lúcia da Silva, de 57 anos, que veio da cidade do Pilar para prestar sua homenagem. Emocionada, ela segurava em suas mãos uma foto do período que Morais fez campanha para deputado estadual. Confessando-se eleitora, contou com orgulho que se tornou sua amiga. “Eu tinha o maior amor por ele. Nos momentos mais complicados da minha vida, sempre tive o apoio dele. Para mim ele não morreu. Ele está vivo. Tenho um grande carinho”, desabafa Carmem Lúcia, visivelmente emocionada ao relembrar sobre o carinho do amigo. Um pouco mais adiante, a vendedora ambulante Cícera Maria Santana, de 62 anos, contou que por conta do sepultamento começou a trabalhar cedo para conseguir chegar a tempo. Moradora do Benedito Bentes, ela foi com a vizinha, também fã, para dar o último adeus ao ex-deputado. “Comecei a trabalhar hoje bem cedo para vir aqui me despedir dele. Gostava do Jeferson por conta do jeito que ele falava com as pessoas. O via na TV, mas nunca tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, mesmo assim estou muito sentida como se fosse uma pessoa minha”, desabafou. A conversa com ela atraiu a atenção do militar da reserva Antônio Silva, 71 anos, que se revelou uma fonte do apresentador desde os tempos em que trabalhou na Rádio Gazeta, no programa Ronda Policial. “Quando atuava, eu ligava e passava as informações para ele. Gostava porque ele valorizava os policiais e lembrava que nós tirávamos plantão contra o crime”, acrescentou. A presença popular no velório e sepultamento só mostrou que mesmo obtido sucesso na política, Jeferson Morais não perdeu a sintonia com o sentimento das pessoas. Entre as várias empresas em que trabalhou, foi na Rádio Gazeta, por duas oportunidades, na TV Mar e nos anos de 1980 que ele também conquistou o respeito e a admiração dos diretores. Um deles, o diretor-executivo Luiz Amorim, fez questão de expressar o sentimento da Organização Arnon de Mello (OAM) diante da perda do homem e do profissional. O respeito surgido no dia a dia das atividades também se tornou em admiração por conta da repercussão nos veículos da empresa. “Jeferson Morais, em sua passagem como repórter policial pelos veículos da OAM, Gazeta, Rádio Gazeta e TV Mar será sempre lembrado pelo carinho com que tratava as pessoas, sobretudo pela competência, lealdade e sensibilidade em tratar os dramas familiares da população mais desassistida. Vai e deixará uma importante lacuna na reportagem policial”, enalteceu Amorim. No campo santo, pouco antes do caixão descer a sepultura, não faltaram pronunciamentos. Desde pessoas que conviveram com Jeferson em campanhas eleitorais como também de quem atuou profissionalmente ao seu lado. Foi o caso do ex-prefeito de Marechal Deodoro e ex-deputado federal Cristiano Matheus. “Acredito que o que temos que fazer aqui é o reconhecimento sobre o quanto ele era uma pessoa que, mesmo com aquela cara fechada, na verdade, tinha um sentimento e um coração muito grande capaz de identificar quando alguém estava triste. Só tenho a agradecer pelos anos de convivência e as oportunidades que me deu”, agradeceu entre lágrimas. Ainda no velório, na Assembleia Legislativa, quem também registrou sua homenagem foi o ex-deputado federal, ex-vice-governador e atual secretário municipal de Saúde José Thomaz Nonô (DEM). “O Jeferson era extraordinário. Profissional de imprensa por excelência, o que ele mais gostava no mundo era o rádio. Um sujeito dedicado a isso. Belo deputado, bom político, e era uma pessoa muito simples, humilde, naturalmente. Tem muita gente que se diz do povo, mas fica um pouquinho mais longe do povo do que o povo imagina, mas não era o caso dele. A política perdeu um belo quadro, a imprensa perdeu um quadro mais importante ainda, e eu perdi, além disso tudo, um amigo direto”, diz Nonô.

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