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Política Marinalva Sabino da Silva, mãe de uma das inúmeras vítimas que esperam por Justiça

VÍTIMAS PROTESTAM CONTRA INQUÉRITOS PARADOS EM ALAGOAS

Mais de 15 mil estão emperrados nas 143 delegacias e Cisps por falta de laudos periciais, delegados e policiais para investigá-los

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 22/02/2020 - Matéria atualizada em 22/02/2020 às 06h00

Os mais de 19 mil processos criminais arquivados na Justiça e mais de 15 mil inquéritos parados nas 143 delegacias e Centros Integrados de Segurança Pública (Cisp) por falta de laudos periciais, de delegados e de policiais para investigá-los, geram preocupação às famílias que tiveram parentes assassinados ou atacados por outros atos criminosos. A maioria cobra ação da polícia judiciária para conter a impunidade. Famílias como a da senhora Marinalva Sabino da Silva e Bruna Maciel Leite, mãe e esposa do trabalhador autônomo Wanderson Sabino da Silva, de 26 anos, morto numa suposta abordagem da Radiopatrulha, querem evitar que o inquérito entre nas prateleiras das investigações dos casos insolúveis. A família promete lutar por justiça. Parentes e amigos de Marinalva e Bruna estiveram no complexo de delegacias de Bebedouro (que reúne a Delegacia de Homicídios - DHPP - e de Narcótico - Anarc), na quarta-feira passada e cobraram “justiça” contra policiais militares, que durante suposta abordagem teriam executado a tiros o rapaz, que morreu quando tirava o capacete. O crime ocorreu na noite do dia 12, no bairro do Tabuleiro do Martins. Familiares contam que “ocorreu uma execução”. Os disparos que atingiram a vítima partiram de policiais militares da Radiopatrulha, após abordagem à motocicleta em que Wanderson estava junto com um primo, J.M.S.F., de 16 anos. O menor estava na garupa. Os dois seguiam de moto para a casa de uma mulher a fim de buscar a chave de um apartamento que um amigo alugaria. Segundo o primo, Wanderson receberia parte do adiantamento do aluguel pelo serviço. Os dois foram abordados por uma viatura da Radiopatrulha nas proximidades do Makro, no Tabuleiro do Martins. Ainda de acordo com o primo do rapaz morto, os militares gritaram para eles encostarem a moto e botarem as mãos na cabeça. Um dos policiais, de balaclava, atirou na cabeça de Wanderson, que caiu junto da moto. Após o primeiro disparo, ainda foi efetuado outro, no abdômen do rapaz. O menor foi levado para longe do corpo e afirmou ter recebido ameaças. “Eles começaram a gritar ‘você viu que ele estava armado’ e ‘você viu que ele atirou na gente’. Ele não fez isso, ele era trabalhador”, disse o rapaz à reportagem. A reportagem da Gazetaweb confirmou a versão do menor. De fato, Wanderson foi receber parte do adiantamento por realizar o serviço de entrega das chaves. Ele disse que o serviço se tratava apenas de um pretexto para remunerar Wanderson, que estava precisando de dinheiro. A vítima tinha dois filhos, um recém-nascido e outro de três anos.

“QUERO JUSTIÇA”

Marinalva Sabino da Silva afirmou que a Delegacia de Homicídio abriu inquérito para esclarecer a morte do filho dela. O policial militar que atirou já foi reconhecido e identificado. Ao saber que a polícia tem 15 mil inquéritos parados por falta de gente para investigar, ela disse que a família lutará para este caso não cair no esquecimento e ser mais um impune no estado. “Eu quero justiça. Meu filho não era uma pessoa ruim, nem criminoso. Era um pai de família, deixou dois filhos”, desabafa. A mãe de Wanderson quer evitar novos casos semelhantes. “Quero justiça para que isto não aconteça com outros pais de família”. Com relação ao trabalho da Polícia Militar, ressaltou que “a PM tem que fazer a abordagem correta, ver quem é maloqueiro, ver quem é homem de bem. Tem muitos homens de bem. Não é porque [a pessoa] anda numa moto quer dizer que ela é maloqueira”.

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