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Nº 5693
Política Claudinier Medeiros, o Padre Zezinho, reforça que o momento político do País é delicado

CAMPANHA DA FRATERNIDADE QUER REFLEXÃO POLÍTICA NO PAÍS

‘Fraternidade e Vida: dom e compromisso’ é o tema deste ano anunciado ontem pela CNBB

Por arnaldo ferreira | Edição do dia 27/02/2020 - Matéria atualizada em 27/02/2020 às 06h00

Para chamar a atenção dos cristãos para os 13,2 milhões de desempregados hoje no Brasil, o empobrecimento das camadas sociais mais humildes, a violência, a impunidade, os ataques à democracia, as eleições municipais e a ameaça do vírus Covid-19 (coronavírus), a Igreja Católica inicia a Campanha da Fraternidade deste ano mobilizando a sociedade para a reflexão política e estimular a solidariedade. A campanha terá como tema “Fraternidade e Vida: dom e compromisso”, e traz como pano de fundo o lema: “Ele viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. O cônego Claudinier José de Medeiros - mais conhecido como Padre Zezinho -, durante a missa de Quarta-feira de Cinzas, na Igreja do Livramento, defendeu a solidariedade entre as pessoas. “É preciso, neste momento, o ser humano cuidando do outro. Este é o ensinamento que encontramos no Evangelho de São Lucas, na chamada parábola do bom samaritano”. Nesta frase, Padre Zezinho diz que está contido três grandes elementos: “Vimos a chegada das novas tecnologias, o número de desempregados no País, as dificuldades das famílias, a gente viu também a grande quantidade de pessoas nas esquinas, nos sinais, as pessoas vivenciando o vício das drogas, as pessoas morando em baixo das pontes. Ver todos nós estamos vendo. Mas Jesus ensina que quando vinha um samaritano, ele viu, teve compaixão e ajudou”. Padre Zezinho explicou que a Igreja Católica está pedindo a “compaixão do brasileiro com o brasileiro, ajudando os mais necessitados”.

ANALOGIA

Neste momento de divergência política entre os poderes da República, entre a população e entre os governos estaduais, Padre Zezinho não escondeu a preocupação da Igreja Católica. “O que é que faz a Nação funcionar, trilhar o caminho de justiça e paz? Mas se entre os Poderes não há harmonia, isto se reflete na sociedade. Nós todos somos os atingidos. A Campanha da Fraternidade deste ano aponta exatamente isto: Ele viu, teve compaixão e cuidou dele”, diz o padre, fazendo uma analogia com a campanha deste ano.

Ao ser questionado se a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) tem ideia de quantos brasileiros precisam ser cuidados, Padre Zezinho não soube precisar numericamente. Porém, ressaltou que “basta a gente ter uma visão humana que veremos uma grande maioria de brasileiros que precisa de ajuda”, e salientou que o país tem mais de 13 milhões de desempregados. Ele observou que “quem é que a gente precisa cuidar hoje? Dos desempregados, porque eles passam fome; do doente, que vai para o posto de saúde e não consegue médico para atendê-lo, e quando consegue ser atendido o médico passa a receita e o doente não consegue comprar o remédio”.

Quando o governo doa o remédio, Padre Zezinho salientou que, em muitos casos, o doente enfrenta filas e no final descobre que não têm os remédios que necessita.

VIOLÊNCIA

Com relação ao crescimento da violência e da impunidade, o padre mostrou outra preocupação da Igreja Católica. “A segurança das comunidades é outro caso sério. Hoje, a gente não vê ninguém nas portas de casa como antes, quando anoitecia e as pessoas costumavam ficar sentadas em frente de casa, as famílias conversando, as crianças brincando. Não tem mais isso porque não há segurança. Todos esses problemas que atingem o povo brasileiro, atingem também a todos nós, cristãos”. Com esta orientação político-religiosa da CNBB, começou o tempo da Quaresma: 40 dias de preparação para a celebração da Páscoa, quando a Igreja Católica mostra aos fiéis que Deus é complacente, bondoso e cada um deve refletir a respeito dos atos que os afasta de Deus. Este período se inicia com a Quarta-feira de Cinzas, disse o Padre Zezinho, ao lembrar que “a cinza é aquilo que o profeta Joel convocou o povo; quando Jonas vai dizer ao povo que se vista de sacos e se cubra de cinzas”. Mas por que aconteceram essas situações? Porque os profetas chamaram a atenção do povo? “Porque as pessoas estavam autossuficientes. E aí vem os poderes político, econômico, a ânsia de ser e de ter. Assim, as cinzas lembram que nós somos pó. Então, esta nossa corrida para ter as coisas, para ser, termina sendo pó”, ensinou o padre. No Brasil, neste período, a Igreja estuda um tema próximo da realidade dos católicos. Está é a origem da Campanha da Fraternidade.

CORONAVÍRUS

A Igreja também acompanha com preocupação a chegada do Coronavírus [Covid 19] no Brasil - em São Paulo (SP) e no Recife (PE). Padre Zezinho recomendou que neste momento é preciso ter muito cuidado e evitar ficar em grupos fechados, defendeu a necessidade de respeitar as recomendações do Ministério a Saúde com a higiene pessoal rigorosa: lavar as mãos, se proteger e rezar para que os casos não se multipliquem no País. Ele recomendou ainda que a partir de agora as pessoas iniciem o ano com atenção e com consciência das prioridades para viver em paz, a vida e destacou que este é um ano político [de eleições municipais, em outubro]. “É preciso andar com os olhos bem abertos para não sermos enganados e tão pouco nos engarmos. Este ano nos convida para a reflexão: eu preciso viver, você precisa viver, então precisamos de elementos que nos deem vida com dignidade”.

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