Os pais de alunos da rede pública estadual que moram nas comunidades do Complexo Benedito Bentes gravaram um vídeo em que reclamam da distância que os ônibus escolares vêm parando das unidades de ensino. No vídeo, o ônibus da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) para no Terminal do Benedito Bentes, e não na porta das escolas, como de costume. Segundo os pais, o transporte costuma pegar os alunos nas comunidades que ficam às margens do complexo e os deixam na porta das escolas estaduais. O horário de costume, seis e meia da manhã, também foi alterado, com os ônibus fazendo os embarques tão cedo quanto seis da manhã. André da Costa Araújo, pai de uma menina de 15 anos que estuda na Escola Estadual Doutora Eunice de Lemos Campos, que fica a 1,3 km do Terminal, se mostrou preocupado pela segurança de sua filha. “Aquela região é perigosíssima, tenho medo do que pode acontecer com minha filha no caminho”, conta.

O Benedito Bentes é o maior bairro da capital alagoana, e um dos mais perigosos. As escolas ficam até 3 km do Terminal de Ônibus. No vídeo recebido pela Gazeta de Alagoas, uma mãe reclama da situação de seu filho, portador de necessidades especiais, e diz que é uma grande distância para ser percorrida a pé entre o terminal e a escola. O governo Renan Filho (MDB) tem um histórico de atrasos nos pagamentos do transporte escolar da rede estadual. Após muita pressão da categoria, o secretário Luciano Barbosa assinou no ano passado um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) para efetuar o pagamento dos meses de maio à junho daquele ano.

Segundo André, que já foi motorista de ônibus escolar, mas que não teve contrato renovado após o que considera represália devido à sua atuação crítica aos atrasos nos pagamentos, o secretário irá assinar outro TAC em audiência na próxima terça-feira (10), às 11 horas, no MPT, se comprometendo a fazer os pagamentos de julho à setembro do ano passado, que ainda estão em aberto. Ele teria faltado à audiência anterior.

Isso tudo leva ele e alguns outros pais à acreditar que a mudança nos horários e no local de desembarque se trata de uma tentativa de contenção de gastos. Um número menor de ônibus estaria sendo disponibilizado para levar o mesmo número de alunos. Procurada, a Seduc afirmou que não estava ciente das mudanças no transporte da região, e que iria apurar os fatos antes de se manifestar. Sobre os atrasos no pagamento e o firmamento de um TAC, a secretaria não se manifestou até o fechamento desta edição.