Política
Den�ncia envolve quatro empresas

Nas mãos dos procuradores, o caso ganhou agora nova dimensão. Além de Ricardo Sérgio, Luiz Francisco estuda pedir a quebra de sigilo das quatro empresas privadas envolvidas na privatização e ainda de uma outra companhia: a Rivoli Participações. A empresa é um caso à parte. Os papéis em poder de Luiz Francisco apontam que três sócios ? Inepar, Macal e Andrade Gutierrez ? ficaram com 10,17% da Telemar depois de uma série de operações internas, envolvendo pagamentos com recursos próprios, além de financiamentos do BNDES e dos fundos de pensão. O quarto sócio, a La Fonte, recebeu 14,58% das ações, embora tenha pago a mesma coisa. A diferença é que, meses depois, 4,4% foram transferidos à Rivoli. Segundo registros da Junta Comercial de São Paulo, a empresa tinha como sócias Célia Regina Aguieiras Veronezi e Mônica Picciarelli e Souza. Ambas são colegas e trabalham no escritório de advocacia de Luiz Rodrigues Corvo. Coincidência ou não, Corvo é o principal advogado de Ricardo Sérgio de Oliveira em diversos processos judiciais. Insinua-se até que o nome Rivoli seja uma homenagem ao ex-diretor do Banco do Brasil, por ter o ?Ri? de Ricardo e o ?Oli? de Oliveira. Procurado pela Dinheiro, Corvo confirmou que a companhia foi montada pelo seu escritório em nome de duas funcionárias, mas recusou-se a comentar com que finalidade. Mônica e Célia Regina também foram procuradas, mas informou-se no escritório que as duas estavam fora na quarta-feira 27. O fato é que, em julho de 1999, a Rivoli acabou sendo esvaziada e teve suas cotas da Telemar repassadas aos sócios privados. Foi assim que todos voltaram a ter participações idênticas no capital da operadora, hoje a maior telefônica da América Latina, com 18 milhões de linhas. Todas as partes envolvidas na engenharia financeira que permitiu a formação do consórcio questionam as informações levantadas pelo Ministério Público. Apócrifo Para Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez, esse documento é ?apócrifo e forjado?. A posição é compartilhada pelos demais sócios da Telemar, que vêem motivação política na investigação. A Macal, de Antônio Dias Leite, e a Inepar, de Atilano Oms Sobrinho, hoje estão fora da Telemar. Transferiram suas participações para a GP, de Jorge Paulo Lemann, e o Opportunity, de Daniel Dantas. O Banco Fator, que assessorou o negócio e cujo nome consta de um dos papéis em poder de Luiz Francisco, diz, por meio de um porta-voz, que seus documentos são públicos e que não mencionam a empresa Rivoli. Ricardo Sérgio, um economista de 56 anos, tem passado mais tempo em Nova Iorque do que em São Paulo. Com atuação na área financeira, chegou a ser um dos principais executivos do Citibank e depois montou a sua própria corretora, a RMC. Foi um dos grandes arrecadadores de recursos para o PSDB nas duas campanhas presidenciais de Fernando Henrique Cardoso. Na diretoria internacional do Banco do Brasil, ele despachava diretamente com João Bosco Madeiro, que dirigia a área financeira da Previ. Envolvido em tantas polêmicas, ele diz que, desta vez, não participará da sucessão. O procurador Luiz Francisco investiga até a abertura de empresas nas ilhas Jersey e em Cayman por Ricardo Sérgio para receber a suposta comissão. ?Estou esperando documentos que pedi à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para confirmar algumas hipóteses?, acrescentou o procurador. As próximas semanas prometem novidades. (Extraído da IstoÉ /Dinheiro, edição de 3 de abril de 2002)