Alagoas tem somente a metade prevista de leitos UTI à disposição para recebimento de pacientes com sintomas graves de Covid-19. A informação foi passada pelos deputados estaduais, durante sessão ordinária de ontem. Eles rebateram o anúncio, feito pelo governador Renan Filho (MDB), no mês passado, de que o Estado teria 105 leitos de terapia intensiva disponíveis, mas, na prática, a realidade é completamente diferente. São 52 garantidos, apenas, e, mesmo assim, distribuídos em poucas unidades hospitalares. E esta quantidade é considerada insuficiente, pelos deputados, diante do risco iminente de o número de casos confirmados do novo coronavírus disparar nas próximas semanas em todo o país, conforme está previsto pelo Ministério da Saúde. Com isso, a possibilidade é grande de parte destes pacientes necessitar do internamento. O anúncio deste dado foi feito pela deputada Jó Pereira (MDB) numa discussão entre os parlamentares acerca da estruturação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) para o recebimento de pacientes com sintomas mais graves da doença. Os dois pacientes que morreram em Alagoas vítimas da Covid-19 estavam internados em leitos improvisados na UPA do Trapiche da Barra. A deputada Jó informou que obteve da própria Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) a informação oficial de que Alagoas só tem 52 leitos de UTIs garantidos e exclusivos para receber os doentes com testes confirmados para o novo coronavírus. E este número é bem inferior ao que foi anunciado pelo governador Renan Filho, durante entrevista coletiva com a imprensa, em março. “O que fui informada, pelo secretário Alexandre Ayres, é que o Estado está se preparando para ter 200 leitos de UTIs até maio, todos para receber estes pacientes com a Covid-19. Na prática, eles ainda não estão prontos. Além disso, uma preocupação que precisamos ter é que, para cada leito de UTI, o Estado providencie outros três de enfermaria, para garantir o isolamento dos pacientes testados positivos”, cobrou. O deputado Davi Maia (DEM) fez duras críticas à postura do governador no combate a esta pandemia. Para ele, Renan Filho faz demagogia e desinforma a população. “O governador não tem dito a verdade. Estas UPAs não tem leitos de UTI, como foi anunciado por Renan Filho, e nunca terá porque estas unidades não foram feitas para esta finalidade”. Maia reivindicou do chefe do Executivo e do secretário George Santoro, da Fazenda, a apresentação de um plano de resgate da economia. “Não basta, apenas, cobrar do presidente da República. O governo de Alagoas precisa tomar atitudes concretas e efetivas para recuperação da nossa economia, que parte do setor está fincada no turismo e no comércio, parados neste momento de isolamento social”. Este assunto também foi repercutido, na ALE, pelos deputados Bruno Toledo (PROS) e Cabo Bebeto (PSL). Toledo disse ter a impressão de que, passados 20 dias da quarentena imposta pelo governador, o Estado ainda não está preparado para o enfrentamento ao novo coronavírus. “Prova disso é que os dois pacientes que morreram estavam internados em uma UPA, que me parece não tem estrutura alguma para lidar com estes pacientes”. Bebeto defendeu a flexibilização do decreto governamental para reabertura gradativa e parcial do comércio de Alagoas, sugerindo horários diferenciados de expediente nas lojas para evitar aglomerações e obedecendo os parâmetros sanitários que evitam o contágio. A sessão da ALE desta terça foi híbrida. Parte dos deputados compareceu presencialmente ao plenário e outro grupo acompanhou os trabalhos de forma remota.